INDÚSTRIA DE BEBIDAS ALCOÓLICAS
v. 5 n. 117 (2020)
Palavras-chave:
Bebidas Alcoólicas, COVID-19,, Comportamento do ConsumidorResumo
A indústria de bebidas constitui um importante setor da indústria de transformação, com dezenas de milhares de empregos distribuídos em todo o Brasil. Devido à presença de vários fornecedores locais e internacionais e de grandes players com atuação global, o mercado é altamente competitivo e a concorrência tem se intensificado, tendo como principais direcionadores o preço e a diferenciação de produtos, havendo lançamento de no[1]vos produtos com maior frequência nos anos recentes. O mercado global de bebidas alcoólicas tem apresentado crescimento tímido nos últimos anos, sob forte influência da retração das vendas de cervejas, que teve como contraponto o aumento consistente das vendas de spirits, segmento que tem se beneficiado do crescimento da “cultura dos coquetéis” e, também, da busca pelo consumo de bebidas consideradas “premium”. Com relação à dinâmica recente do mercado brasileiro de bebidas alcoólicas, podem-se destacar três fenômenos que se consolidaram : (1) Parte dos consumidores, especialmente os de menor renda, migrou suas compras para marcas mais baratas em algumas categorias no período de crise, além de reduzir a frequência das compras para muitos tipos de produtos; (2) Entre os novos hábitos de compras, está a tendência de se beber menos, mas marcas de melhor qualidade, o que também deve ter influenciado o declínio supracitado; (3) Observou-se uma tendência crescente de se consumir bebidas alcoólicas em casa, e não nos canais de comércio, o que foi fortemente reforçada com a crise da pandemia do COVID-19, situação em que as vendas de bebidas alcoólicas no chamado mercado “on-trade” (bares, restaurantes, hotéis etc.) foram fortemente atingidas. Em função desse cenário, o mercado mundial deve apresentar forte queda (-8,3%) no consumo de bebidas alcoólicas (em volume) em 2020, em relação a 2019, enquanto no Brasil essa queda deve ser ainda maior, da ordem de 16,3%. Além dos impactos de curto prazo associados às medidas de isolamento social adotadas em diversos países do mundo, que afetou drasticamente o mercado “on-trade”, o principal desafio que as empresas precisarão lidar, no longo prazo, refere-se a uma possível mudança radical nos padrões de consumo (que será geracional), que se configurará o “novo normal”. Isso inclui o fortalecimento das vendas on-line, o questionamento do “mantra” da premiumização e o redesenho dos momentos de encontros, que poderão ser direcionados à virtualização.