A seguir, apresentamos mais uma técnica para a recuperação e conservação de solos (vide a primeira e a segunda partes dessa série). Dessa vez abordaremos a técnica de “plantio em área total”.

Estratégia de Recuperação de Solo nº 03: plantio em área total

Conforme informamos anteriormente, nas situações em que a camada superficial do solo foi severamente erodida e onde o potencial regenerador local é extremamente baixo, o plantio em área total é uma das técnicas de recuperação de solos que pode ser empregada.

Essa técnica consiste no plantio de diferentes espécies de plantas herbáceas, arbustivas e arbóreas, nativas ou não, para a recuperação do solo, seja para a utilização na agropecuária, seja para a formação de reservas florestais. Pode ser efetuado por meio de sementes e/ou de mudas, visando a implantação de toda uma comunidade vegetal regeneradora. O custo de utilização dessa técnica costuma ser mais alto, pois há investimentos na aquisição e/ou coleta de sementes, aquisição e/ou produção de mudas, adubação, mão de obra de implantação e mão de obra de manutenção. Em solos agrícolas, o plantio em área total com espécies herbáceas é comumente conhecido como “adubação verde”, tema abordado nas dicas de sustentabilidade de 06/02/2020 e da edição de janeiro de 2019 do Informe Etene Agronegócio.

Na recuperação de solos de áreas para comporem área de preservação permanente ou reserva legal, em geral são utilizadas espécies arbustivas e arbóreas nativas, podendo também serem utilizadas espécies exóticas a serem posteriormente retiradas e vendidas, como forma de recuperação do capital investido. No caso de áreas com estação seca bem definida, seja para solo agrícola ou solo de reserva, há um desafio a mais, sendo em tais casos especialmente importantes para o sucesso da recuperação do solo a escolha das espécies ideais e a determinação das épocas propícias para a realização das intervenções em campo.

A técnica de plantio em área total pode ser realizada em conjunto com as estratégias mencionadas na edição anterior, de adensamento, enriquecimento ou nucleação, de modo a acelerar a recuperação da área e aumentar sua biodiversidade.

Na próxima dica de sustentabilidade veremos como utilizar sistemas agroflorestais especificamente para a recuperação de áreas degradadas, sendo uma forma eficiente para se recuperar o capital investido e para possibilitar uma destinação produtiva às áreas trabalhadas. Vale mencionar que a recuperação de solos pode ser financiada pela linha FNE Verde do Banco do Nordeste. Dê uma olhada!

Leitura consultada e recomendada

• Embrapa – Código Florestal – Estratégias de Recuperação
• Documentos Embrapa 90 – Práticas de Conservação do Solo e Recuperação de Áreas Degradadas
• Manual para recuperação de áreas degradadas por extração de piçarra na Caatinga
• Técnicas de Nucleação para a Recuperação de Áreas Degradadas - Giane Minella
• 9 Modelos de recuperação ambiental

Autor: Mário Eduardo Fraga da Silva é Engenheiro Agrônomo, Especialista em Avaliação Ambiental de Projetos, Mestre em Ecologia e praticante da Permacultura. É funcionário de carreira do Banco do Nordeste onde atua como Gerente de Produtos e Serviços na Célula de Meio Ambiente, Inovação e Responsabilidade Socioambiental, inserida no Ambiente de Políticas de Desenvolvimento. Como atividade paralela ministra cursos de Permacultura e de Agrofloresta, sendo membro fundador e atual Presidente do Instituto de Permacultura e Ecovilas do Ceará – IPC.