Diversificação agrícola e redução de pobreza: a introdução no Nordeste brasileiro de produtos agrícolas não-tradicionais de alto valor e seus efeitos sobre pequenos produtores e trabalhadores rurais assalariados
DOI:
https://doi.org/10.61673/ren.2003.815Palavras-chave:
Agricultura irrigada, Padrões de trabalho, Desenvolvimento Rural, Papel do Estado, Brasil-Nordeste,Resumo
Este estudo analisa o papel do Estado na transformação econômica de três regiões de agricultura irrigada no Vale do São Francisco, no Nordeste do Brasil. Procura entender as razões por que somente uma delas (Petrolina-Juazeiro) diversificou exitosamente a sua economia e se transformou numa agricultura moderna, baseada em produtos não tradicionais, de alta qualidade e de exportação, ao mesmo tempo em que os salários e os padrões de trabalho entre os trabalhadores rurais aumentaram, sem comprometer o acesso dos produtores aos mercados externos. Mostra que a transformação econômica de Petrolina-Juazeiro não se relaciona com políticas “favoráveis ao mercado”, nem pode ser completamente explicada pelos investimentos governamentais em bens públicos ou pela influência de uma “boa liderança” local. O papel chave do Estado consistiu na aplicação de práticas inovadoras, pelas agências governamentais federais, em quatro áreas principais: 1) a gestão de amplos investimentos de irrigação, incluindo o tipo de beneficiários selecionados, a concessão de subsídios para irrigação, pressões de boa performance sobre os produtores subsidiados e a abordagem de substituição entre os pequenos produtores; 2) o relacionamento com associações de produtores para resolver problemas de ação coletiva ligados à exportação; 3) a introdução de culturas de alto valor e novas tecnologias entre os pequenos assentados dos distritos públicos de irrigação; e 4) negociações de salário entre os produtores e os trabalhadores rurais assalariados.