Produção e conservação de recursos na agricultura familiar dos gerais sanfranciscanos, semiárido de Minas Gerais

Autores

  • Eduardo Magalhães Ribeiro Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
  • Flávia Maria Galizoni Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
  • Camila da Silva Freitas Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
  • Rafael Eduardo Chiodi Universidade Federal de Lavras - UFLA
  • Eduardo Charles Barbosa Ayres Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais - IFNMG

DOI:

https://doi.org/10.61673/ren.2014.503

Palavras-chave:

agricultura familiar, Semiárido, rio São Francisco.

Resumo

Os gerais da porção mineira do rio São Francisco são vastos chapadões arenosos de vegetação baixa e tortuosa, cortados por veredas e brejos onde a população rural se concentrou. Esta população agricultora criou um regime agrário de espacialidade fluida, de reduzida dependência das chuvas, que combinou o uso de mata seca, gerais e brejos para fazer agricultura e criação. A modernização agrária dos anos 1970 estimulou a tomada dos chapadões por agropecuárias e refl orestadoras; a expansão das áreas protegidas a partir dos anos 1990 criou novas restrições ao uso costumeiro dos recursos naturais feito pelos agricultores. Acossados nas veredas pelas empresas rurais e proibidos de explorá-las pelas agências ambientais, os agricultores foram forçados a construir novos sistemas produtivos e identidades; então, reformularam os regimes de domínio e exploração da terra para manter a lógica camponesa de reprodução. Baseado em pesquisas e atividades de extensão realizadas com populações rurais do Alto/ Médio São Francisco, Semiárido Norte de Minas Gerais, este artigo analisa essas trajetórias, revelando como o processo ao mesmo tempo questiona e constantemente reconstrói as bases do regime agrário tradicional. O artigo conclui que a privatização dos chapadões permanece comprometendo seriamente as bases de sustentação dos sistemas camponeses de exploração dos recursos e que as alternativas experimentadas até o presente – mudança em sistemas de criação, cultivos sustentáveis e agroextrativismo – foram insufi cientes para recompor as condições de reprodução da população rural.

Biografia do Autor

Eduardo Magalhães Ribeiro, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Graduado em Economia pela UFMG (1979), mestre (1986) e doutor (1997) em História pela Unicamp. Foi professor da PUC/MG (1981/1994), técnico do DIEESE/MG (1988/1991), pesquisador da REDE/PTA (1988/1992), assessor da Comissão Pastoral da Terra/MG (1983/1994) e da Cáritas/MG (1990/1995) e professor da UFLA (1995/2009). É professor titular do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais onde leciona desde 2009 em cursos de graduação e pós-graduação. Atualmente é membro do colegiado do Programa Associado UFMG/Unimontes em Sociedade, Ambiente e Território, bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq, bolsista PPM/Fapemig, e líder do grupo de pesquisa e extensão rural ?Núcleo de Pesquisa e Apoio à Agricultura Familiar? que desde 1998 atua no Norte e Nordeste de Minas Gerais com projetos de pesquisa apoiados por diversas agências de fomento. Coordena o programa de extensão da UFMG "Sítio de Saluzinho" dedicado a apresentar o mundo rural às crianças de ensino fundamental. É membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural, SOBER. Atua em temas como agricultura familiar, extensão rural, recursos naturais e desenvolvimento rural.

Flávia Maria Galizoni, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (1988), mestre em Ciência Social (Antropologia Social) pela Universidade de São Paulo (2000) e doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (2005). É Professora da Universidade Federal de Minas Gerais onde coordena o Mestrado Associado UFMG-Unimontes em Sociedade, Ambiente e Território. Leciona em cursos de graduação e mestrado, orientando estudantes em iniciação científica, monografias de graduação e dissertações. Coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Apoio à Agricultura Familiar (NPPJ) e do Centro de Referência da Cultura Material da Agricultura Familiar - Sítio de Saluzinho. Tem coordenado vários projetos de pesquisa e extensão apoiados pelo CNPq, Fapemig e outras agências. Entre 1990 e 1996 trabalhou como assessora técnica do Centro de Assessoria aos Movimentos Populares do Vale do Jequitinhonha (Campo-Vale). Desde 1998 desenvolve atividades em parceria como o Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV). Tem experiência na área de Antropologia, Sociologia Rural e Extensão Rural, atuando principalmente nos seguintes temas: regimes agrários, água, populações tradicionais, agricultura familiar, semiárido, migrações, ambiente, gestão de bens e recursos comuns. É bolsista CNPQ em Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora.

Camila da Silva Freitas, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Tem experiência na área de desenvolvimento social, com ênfase em desenvolvimento rural, atuando principalmente nos seguintes temas: vale do jequitinhonha, agriculltura familiar, feiras livres, mercados locais, regionais, institucionais, políticas públicas para agricultura familiar, desenvolvimento local. Experiência ligada a temáticas de desenvolvimento regional sustentável e políticas públicas voltadas para o meio rural.

Rafael Eduardo Chiodi, Universidade Federal de Lavras - UFLA

Professor Adjunto da Universidade Federal de Lavras, Departamento de Administração e Economia, na área de Desenvolvimento e Extensão. Doutor em Ciências (linha de pesquisa em Ambiente e Sociedade) pela Universidade de São Paulo (CENA-ESALQ) (2015). Mestre em Ciências Agrárias pela Universidade Federal de Minas Gerais (2009). Engenheiro Florestal pela Universidade Federal de Lavras (2006). Desenvolve projetos de pesquisa em temas como: políticas públicas agrícolas e ambientais, gestão de recursos naturais na agricultura, agroecologia, extensão rural, participação social e desenvolvimento rural sustentável.

Eduardo Charles Barbosa Ayres, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais - IFNMG

Graduado em Agronomia (2002) e Mestre em Administração: Gestão Social, Ambiente e Desenvolvimento (2008) pela Universidade Federal de Lavras - UFLA. Trabalhou no Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica - CAV, Vale do Jequitinhonha-MG, de 2002 a 2006, na gestão e execução do Programa Regional de Proteção e Conservação de Nascentes, Difusão de Sistemas Agroflorestais e Produção Agroecológica. Foi coordenador da Comissão Regional de Segurança Alimentar e Nutricional do Alto e Médio Jequitinhonha-MG (2006) e membro do Comitê Regional de Avaliação de Projetos Socioeconômicos (2005). Desde de 1999 é membro do Núcleo de Pesquisa e Apoio à Agricultura Familiar (Núcleo PPJ), hoje situado no Instituto de Ciências Agrárias da UFMG - Montes Claros/MG, desenvolvendo atividades de pesquisa e extensão rural no Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas Gerais. Atuou no IDENE - Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (2012-2014) como Analista de Desenvolvimento Econômico e Social em Programas Governamentais de Desenvolvimento Rural. Atualmente é Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFNMG - Instituto Federal do Norte de Minas Gerais.

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Publicado

2017-05-05

Como Citar

Ribeiro, E. M., Galizoni, F. M., Freitas, C. da S., Chiodi, R. E., & Ayres, E. C. B. (2017). Produção e conservação de recursos na agricultura familiar dos gerais sanfranciscanos, semiárido de Minas Gerais. Revista Econômica Do Nordeste, 45(5), 119–132. https://doi.org/10.61673/ren.2014.503