Empreender para sobreviver: ação econômica dos empreendedores de pequeno porte

Abstract

Reflete sobre a construção social recente da expressão “empreendedorismo” e da febre oficial, digamos assim, pela implementação das políticas de “microcrédito”. Sem dúvida: se o foco do olhar são as macrodiretrizes concentradoras do grande capitalismo, não há como se perceber as outras economias que o persistente movimento dos indivíduos em vista da própria sobrevivência vai pouco a pouco instituindo. traz novos elementos para enriquecer a discussão em torno das políticas públicas visando à inclusão social, tema da competência do Banco do Nordeste, que reúne em seu portifólio de serviços à comunidade nordestina ações como o microcrédito e o desenvolvimento territorial. Observar, pois, a narrativa dos próprios microprodutores que são protagonistas das políticas de fomento ao crédito e de desenvolvimento empresarial em áreas urbanas extremamente deprimidas poderá ser um exercício crítico para o aperfeiçoamento das metodologias por elas praticadas. Nesse mister, pode-se dizer que Eduardo Girão talvez tenha viabilizado a maior contribuição do seu trabalho para a avaliação das políticas públicas de fomento aos pequenos negócios. Ao auscultar os seus atores sociais, sempre procedendo a necessária mediação teoria-realidade, ele os olhou como seres humanos, trabalhadores informais, ora praticando a cooperação, ora enfrentando, sozinhos, os percalços da sobrevivência, e percebeu a lenta e permanente construção de espaços de capital social na área empírica de sua tese – o Grande Bom Jardim – indicando os limites e possibilidades das políticas de microfinanças associadas à capacitação empreendedora.