FNE Rural: perfil dos clientes e desempenho operacional na área de atuação da Sudene

Abstract

Neste artigo, analisa-se o desempenho operacional do Programa FNE Rural na área de atuação da Sudene, composta por toda a Região Nordeste e municípios do Norte dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo. O estudo abrange o período 2010-2021 e adota a análise descritiva a partir da tabulação de dados da base de clientes do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), além de outras bases secundárias. Inicia com uma síntese das características gerais e regras operacionais do FNE Rural e apresenta os principais resultados do Programa acerca do perfil dos tomadores (natureza jurídica, gênero, porte e acesso a assistência técnica) e do desempenho operacional (ticket médio anual das operações e dos clientes, distribuição temporal e espacial das aplicações, objetivo e finalidade do financiamento). Os principais resultados evidenciam a importância do Programa para o setor produtivo do território, tendo contratado quase 100 mil operações com cerca de 89 mil clientes, totalizando mais de R$ 65 bilhões em aplicações. Os recursos permitiram aos produtores manterem as operações rotineiras no estabelecimento rural, bem como comercializar os produtos, além da possibilidade de modernizar, ampliar, realocar ou fortalecer o empreendimento. Por outro lado, os recursos privilegiaram as regiões de cerrados, em função do destaque econômico e da elevada demanda por parte do agronegócio de grãos e fibras, em geral, grandes produtores. Mesmo assim, os municípios de baixa e média rendas foram responsáveis pelo maior volume de recursos, demonstrando o esforço para aplicação desses recursos nas áreas prioritárias da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR). O recorte de gênero, por sua vez, mostrou que o volume de recursos destinados às mulheres, a maioria de mini e pequeno portes, ainda se encontra em patamar inferior àquele destinado aos homens, muito embora se observe que os valores médios anuais contratados no período foram superiores entre elas (6,1% contra 1,1%), de certa forma seguindo a tendência observada entre os censos agropecuários de 2006 e 2017.