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Voltar Indústria: Couro e Calçados

(Extraído de artigo do Caderno Setorial Etene. O Artigo completo pode ser acessado neste link).

1 Produção, Exportações e Importações de Couro e Calçados no Mundo e no Brasil

Os dados disponíveis da UNIDO demonstram que a China lidera o ranking mundial de produção de couro e calçados. O Brasil foi o 5º maior produtor mundial de couro e calçados, com produção de mais de US$ 7 bilhões, cerca de 4% do valor da produção da China. O Brasil vinha crescendo suas exportações de calçados até 2018, contudo em 2019 e 2020 passou a decrescer, recuperando-se em 2021 e 2022.

1.2 Exportações de Couro e Calçados do Mundo e de Países

As exportações de couro decresceram 21,3% e as de calçados cresceram 9,6% no Mundo, respectivamente, entre 2018 e 2021, já levando em conta o impacto econômico da pandemia da Covid-19, passando de US$ 24 bilhões para US$ 18,9 bilhões em couro e de US$ 145,5 bilhões para US$ 159,5 bilhões em calçados. O Brasil continuou sendo o 3º maior exportador mundial de couro em 2021. No que se refere a calçados, o Brasil ficou na 21ª posição no ranking mundial, no mesmo ano.

Constata-se também que, em valores monetários, o Brasil exportou mais couro e peles (US$ 1,4 bilhão) do que calçados (US$ 1 bilhão) em 2021, denotando potencial para crescimento nas vendas externas de calçados, indústria de maior valor agregado.

1.3 Exportações e Importações de Calçados do Brasil e Regiões

De 2019 a 2022, o Brasil obteve sucessivos saldos positivos da balança comercial de calçados, graças às regiões Norte, Nordeste e Sul, com média de superávits de US$ 727,54 milhões no período. O Brasil aumentou as exportações em 34,8% entre 2019 e 2022 e o Nordeste variou 33,2%. O Nordeste totalizou 32,6% das exportações do Brasil em 2022, representando um polo regional de exportação.

1.4 Exportações e Importações de calçados dos Estados do Brasil

No Brasil, em 2022, os Estados de maior exportação de calçados foram Rio Grande do Sul, Ceará e São Paulo. O Ceará foi o maior exportador no Nordeste, com vendas ao exterior de US$ 292,4 milhões, equivalente a 19,9% das exportações do Brasil.

2 Produção de Couro e Calçados dos Estados do Brasil

No Nordeste, o Ceará, é o maior produtor da Região, conjuntamente a Bahia e Paraíba concentram 27,2% e 92,2% do valor da produção do Brasil e da Região, respectivamente. Rio Grande do Sul, Ceará e São Paulo são os maiores produtores de couro e calçados, com mais de 58% do que é produzido no Brasil.

3 Desempenho da Produção de Couro e Calçados do Brasil, Nordeste, Ceará e Bahia

As indústrias de couro e calçados do Brasil, Nordeste, Ceará e Bahia estavam em crescimento em agosto/2019, exceto a Bahia, que se encontrava já em recessão. Com o impacto da crise da pandemia de Covid-19, a partir de março/2020, observou-se a piora do quadro de produção das indústrias de couro e calçados, sendo que o Estado da Bahia foi o mais afetado. Contudo, a partir de então, desacelerou a recessão no setor, houve crescimento e ápice da recuperação em torno julho/2021 a novembro/2021. Depois, ocorreu a desaceleração do crescimento e o retorno à recessão (exceto a Bahia) a partir de março/2022, sob efeito das terceira e quarta ondas da Covid-19, da guerra da Rússia (a partir de fevereiro/2022) e do lockdown de cidades da China, tudo isto somado ao aumento da taxa de juros do Brasil, terminando o mês de novembro/2022 com taxas negativas de variação da produção para a Bahia (-0,2%), Brasil (-1,1), Nordeste (-2,5%) e Ceará (-2,9%). Mesmo considerando a amplitude das flutuações das taxas de variação no período, a linha de tendência do Brasil “Linear (BR)” do setor de couro e calçados é crescente. O Relatório Focus do Banco Central, de 20/01/2023, estimou para 2023, aumento de 0,8% do PIB do Brasil, e prevê-se que o setor aumente sua produção acima desta projeção.

4 Perspectivas para as Indústrias de Couro e Calçados para 2023

  • Ao longo de 2022 e para 2023, a continuidade da política monetária restritiva tem levado à piora das condições de empréstimos e financiamentos, com maior taxa de juros. Some-se a isto, a inflação mais pressionada e os preços de bens elevados atuam de forma negativa ao desempenho das vendas internas. Em compensação, espera-se para 2023, o aumento da renda disponível da população, com a manutenção do programa Auxílio Brasil (Bolsa Família) de 600 reais, garantido até o final de 2023, adicionado ao aumento real esperado para o salário mínimo e ao aumento das transferências de renda em R$ 150 para famílias com crianças;
  • A pandemia mudou o padrão de consumo de calçados pelos brasileiros, no processo de adaptação ao teletrabalho (home office) e ao se evitar o comparecimento às lojas físicas, acarretando assim menor procura e desestimulando a produção de calçados;
  • Para 2022, o IEMI (2022) projetou variação de 3,9% no volume de produção de calçados em relação ao ano anterior, atingindo 919,7 milhões de pares, para o Brasil. Foi estimada receita de produção de R$ 36,3 bilhões, isto é, variação de 8,9% em valores nominais (sem descontar a inflação), referentemente ao ano anterior. No que concerne ao comércio internacional, para a exportação, variação de 17,4% foi prevista para o volume de pares exportados e de 45,7% em valores (US$ FOB), para 2022. Foi projetada variação de 10,8% para o número de pares importados e de 26,0% em valores (US$ FOB). Para 2022, estima-se variação de 1,9% para o volume no consumo interno aparente de calçados (parte não exportada da produção industrial total, mais importações), equivalente à variação de 15,1% em valores nominais (R$), em relação ao ano passado;
  • O Relatório Focus do Banco Central, de 20/01/2023, projetou para 2023, aumento de 0,8% do PIB do Brasil e prevê-se que o setor aumente sua produção acima desta projeção.

Fonte: Caderno Setorial Etene