Voltar Microcrédito desenvolve produção orgânica no Alto Sertão de Sergipe

Microcrédito desenvolve produção orgânica no Alto Sertão de Sergipe
Crédito Aracaju (SE), 15/03/2021

 Em Sergipe, 90% dos agricultores são pequenos produtores, segundo a Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer). Para desenvolver as culturas de modo sustentável, clientes do Alto Sertão contam com apoio financeiro e palestras técnicas do programa de microcrédito rural do Banco do Nordeste, o Agroamigo, que atende a 44,8 mil produtores dos municípios sergipanos.

É o caso do produtor orgânico Fábio Souza, do município de Monte Alegre de Sergipe. Com o microcrédito, ele passou a contar com irrigação automatizada e sombreadores em toda a área plantada. “Aqui é um local quente e de baixo índice de chuva. Para evitar a perda de água por evaporação, precisava sombrear toda a extensão. Mas não tinha recursos suficientes, foi aí que busquei o Agroamigo”, diz o agricultor.

Graças ao investimento, Fábio Souza consegue produzir mais em menos tempo. Ele sai para comercializar os produtos às 8h e volta em tempo de estudar e cuidar da plantação. “Estudo o sistema, a cultura e a forma de plantar antes de começar a produzir. Quem trabalha como eu, com a prevenção, tem que buscar alternativas sustentáveis para combater pragas e até fazer a captura manual de alguns parasitas. Eu uso urina de gado como defensivo e adubo a terra toda sexta ou domingo. Quando tem ataque de mosca branca, ponho alho e pimenta do reino ou uso folhas da árvore Neem, que é comum no município”, explica.

A cliente Daiane Barbosa, do povoado Sítio Óleo, em Poço Redondo, também aposta na prevenção. A plantação de hortaliças sempre foi orgânica, tradição passada pela mãe, que também é agricultora. “No inverno há muitas lagartas e, por isso, preciso tirá-las manualmente com ajuda da minha mãe e do meu esposo. Muitas pessoas acham que precisam colocar produtos químicos na plantação, mas há outras opções orgânicas que servem de adubo e defensivo. A agricultura orgânica é mais trabalhosa, mas vale a pena”, afirma Daiane.

Jorge Rabanal, engenheiro agrônomo há 15 anos, ressalta a relevância da agricultura orgânica para a região. “É importante para todos por preservar o saber dos camponeses que é passado de geração em geração, além de construir consórcios de sistemas de vida de plantação e demonstrar que aquilo é um negócio de família. Também é um tipo de plantio sustentável para a natureza e demonstra o cuidado em produzir algo saudável, que também é rentável. A produção orgânica gera qualidade de vida para todos”, diz o engenheiro.

“As pessoas compram frutas e verduras achando que estão se alimentando de forma saudável, mas, na verdade, compram e ingerem veneno sem saber”, aponta o produtor Fábio Souza, que também é técnico agrícola. “Manter um cultivo saudável para plantas, animais e pessoas é algo importante. Por exemplo, o passarinho, se não tem lagarta, ele não tem o que comer, e, se come algo com agrotóxico, pode adoecer e morrer. O plantio sustentável afeta todo o ecossistema, por isso é importante ter uma consciência agroecológica”, conclui.

O gerente estadual do Agroamigo, Luiz Alberto Morato, destaca o papel do Banco do Nordeste nos empreendimentos rurais que adotam práticas agroecológicas. “O BNB tem sido fundamental para reforçar a adoção de tecnologias e práticas de produção que procuram imitar os processos da natureza. O microcrédito rural, através da atuação do Agroamigo, tem o desafio de maximizar esse estímulo, detectando as oportunidades e necessidades de produtores que atuam nesse segmento”, reforça o gestor.