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Voltar Comércio exterior do agronegócio no Nordeste

O Caderno Setorial Etene apresenta a série limitada "Panorama do agronegócio do Nordeste", com destaque para alguns segmentos. O arranjo e a organização dos dados por segmento, seguem o padrão estabelecido pelo Agrostat (Ministério da Agricultura) em relação aos códigos das  mercadorias  (NCMs  -  Nomenclaturas  Comuns  do  Mercosul). O trabalho segue com um breve cenário da economia e detalhes sobre alguns setores do Comércio Exterior do Agronegócio do Nordeste.  Noutras  edições,  serão pormenorizados os segmentos da balança comercial do agronegócio do Nordeste. Você pode acessar todas as análises completas na página do Caderno Setorial Etene.

Balança comercial do agronegócio do Nordeste

O clima parece estar sempre bom para o Agronegócio brasileiro. Na realidade não é bem assim, no ambiente de inúmeros desafios, os produtores são os grandes protagonistas do sucesso do setor na economia do País, faça chuva ou faça sol. O saldo do agronegócio no Brasil fecha 2018 com superávit de US$ 87,65 bilhões (alta de 7,07% em relação a 2017), enquanto que o total do Brasil US$ 58,66 bilhões (queda de 12,44%) (Figura 1).

Figura 1 - Desempenho da balança comercial do Brasil e do agronegócio do Brasil, saldo/déficit (U$$ bilhões)

Fonte: ETENE/BNB, com dados do ComexStat (2019).

No Nordeste, os segmentos do agronegócio e de serviços são os principais responsáveis pela alta de 2,5% na projeção de crescimento de 2018 a 2023. Importante ressaltar que a Região com melhor recuperação da economia no período, mais especificamente, no Comércio Exterior, o Nordeste também é que teve o melhor crescimento do País, comparando-se 2017 e 2018. As transações comerciais superaram US$ 11 bilhões, com superávit de cerca de US$ 6 bilhões. O Nordeste contribuiu com 5,88% no superávit das exportações do País em 2018, enquanto que as regiões Sul (32,91%), Centro-Oeste (29,83%) e Sudeste (26,93%) somaram 89,67% no saldo do comércio exterior do Agronegócio.

Produtos de origem vegetal

Todos os estados nordestinos participaram do comércio exterior, considerando a magnitude da produção de grãos e de algodão dos cerrados, Bahia, Maranhão e Piauí são os maiores exportadores do Nordeste. Na comparação com 2017, as exportações cresceram 12,93% e as importações recuaram 8,58%. Isto permitiu uma alta de 25,40% no superávit, proporcionando a variação de US$ 1,21 bilhão. Cerca de 95% das exportações em 2018 foram de produtos de origem vegetal, saldo de US$ 5,69 bilhões. Destacam-se dentre outros, os complexo soja, produtos florestais e frutas.

O complexo soja (soja em grãos, óleo de soja e farelo de soja, somam - 42,31%) e os produtos florestais7 (celulose, papel, madeira e borracha - 27,14%) foram responsáveis por cerca de US$ 5,92 bilhões (69,45%) das exportações e US$ 5,76 bilhões (96,02%) do superávit total do comércio exterior do AgroNE em 2018. Foram exportadas quase 8 milhões de toneladas de soja em grãos. A Bahia é o maior produtor de soja do Nordeste, mais de 5 milhões de toneladas, seguido pelo Maranhão e Piauí, com 2,33 e 2,02 milhões de toneladas, respectivamente. Alagoas também passou a produzir soja, com uma quantidade ainda pequena (5,5 mil t), fruto do surgimento do Sealba. A exemplo do Matopiba, é o acrônimo para designar a região contígua de 171 municípios, na faixa meso-oriental de Sergipe (69 municípios) e Alagoas (74) e no nordeste da Bahia (28), totalizando 5,15 milhões de ha, com potencialidades para produção de cana-de-açúcar, feijão, mandioca, milho (cuja maior produtividade está em Sergipe), soja e também para a pecuária.

No caso dos produtos florestais, o Nordeste é predominantemente exportador de Celulose, em valor e volume (4,25 milhões de toneladas), porém, importador de papel. Em 2018, foram importados 72,85 mil toneladas, no valor de US$ 65 milhões. Os plantios com eucalipto na Área de Atuação do Banco do Nordeste superam 1,64 milhão de ha. Os maiores plantios estão no Norte de Minas Gerais (607 mil ha) e na Bahia (214 mil ha) com cerca de 37%, em ambos. No Maranhão e Norte do Espírito Santo as lavouras têm 214 mil ha (13,0%) e 169 mil ha (10,3%), nesta ordem.

As exportações de frutas (US$ 382 milhões) e de castanha de caju (US$ 116 milhões) foram responsáveis por US$ 615 milhões. A produção de frutas (especialmente mangas, melões e uvas) e de castanha de caju foram severamente afetadas pelo longo período de estiagem (2012-2017)8 . O polo de irrigação mais desenvolvido, localizado no Vale do Rio São Francisco, está situado em torno das cidades do Semiárido Juazeiro (BA) e Petrolina (PE). São sete Projetos Públicos (PPI), dois em Pernambuco e cinco na Bahia. Em 2016, os resultados mais expressivos do Valor Bruto da Produção foram os PPI Senador Nilo Coelho (R$ 1,39 bilhão), Curaçá (R$ 135 milhões), Maniçoba (R$ 116 milhões), Tourão (R$ 101 milhões), Bebedouro (R$ 44 milhões) e Mandacaru (R$ 9 milhões). Estima-se que estes projetos gerem em torno de 81 mil empregos indiretos e 54 mil empregos diretos, em 2016. Naquele ano, a área cultivada, segundo dados da Codevasf, foi de 54 mil ha, principalmente de uva, manga, goiaba e cana-de-açúcar.

Produtos de origem animal

O Nordeste é superavitário em todos os segmentos, exceto lácteos. Em 2018, o superávit do setor pecuário foi de cerca de US$ 300 milhões, do total de US$ 585 milhões em transações comerciais. O segmento pecuário, contribui com 5% do saldo total do comércio exterior do agronegócio do Nordeste. Em 2018, as exportações tiveram destino para 123 países e 40 países de origem, em que 40% das exportações foram para os Estados Unidos (US$ 175,22 milhões), seguido por Hong Kong (12,26%) e Itália (11,51%). Nas importações, Argentina (US$ 40 milhões), Noruega (US$ 21 milhões) e China (US$ 18,78 milhões) somaram 56,16% do valor total importado. Alguns destaques:

  • Couros: as transações são predominantemente de couros de bovinos, superávit de cerca de US$ 160 milhões.
  • Pescados: com 25,53 mil toneladas importadas, os pescados são a principal pauta de importações em termos de volume em 2018.
  • Carnes: foram exportadas cerca de 18 mil toneladas e importadas pouco mais de 4 mil toneladas de carne em 2018.
  • Produtos apícolas: O comércio exterior de produtos apícolas do Brasil e do Nordeste se restringe praticamente ao mel natural, as exportações de outros produtos, como a cera de abelha, são pouco expressivas. Em 2018, o Nordeste exportou US$ 21,7 milhões para 6,4 mil toneladas.

Com superávit de cerca de US$ 6 bilhões no comércio exterior e crescimento de 12,93% nas exportações em relação a 2017, a região Nordeste mostra força de seu agronegócio na economia da Região e do País. Evidentemente que investimentos são imprescindíveis para melhoria da competitividade do setor. Neste sentido, o Banco do Nordeste investiu em 2018 no setor primário (agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura) mais de R$ 7 bilhões, alta de 16,94% em comparação a 2017. Em infraestrutura, os investimentos do Banco do Nordeste totalizaram R$ 16,47 bilhões, por exemplo, na geração e transmissão de energia elétrica, infraestrutura aeroportuária e outros.

Fonte: Caderno Setorial Etene

Publicado originalmente em 11/09/2019.