Bahia - Ecossistema Musical - Cultura - Sobre o Banco
Bahia
A Bahia é um verdadeiro berço de ritmos musicais, sendo impossível esgotar aqui a imensidão da sua musicalidade. Desde o princípio, a música sempre fez parte do DNA deste território. Fazia parte dos povos originários e no século 16, junto ao processo colonizatório brasileiro, aportaram na Bahia a música erudita da Europa e os ritmos africanos.
A mistura deste caldeirão se deu a partir do Recôncavo, onde se instalaram os primeiros povoadores da colonização nas festas, eventos religiosos e irmandades. Lá, no século 17, nasceu um dos gêneros mais importantes para o mundo, o samba. Com a marcada influência africana, muitos outros gêneros musicais foram originados na Bahia, a exemplo do ijexá, da chula, do samba-reggae e, mais tarde, o axé, o pagode e o arrocha.
Um território carregado de tecnologias ancestrais, a Bahia esteve também na ponta do desenvolvimento tecnológico agregado à música, onde na década de 1940 foi criada uma guitarra elétrica, a "guitarra baiana". Na década seguinte, surge uma das maiores revoluções dos modos de fazer festas populares, o trio elétrico. Criado por Dodô e Osmar, o carro Ford 1929 com seu potente sistema de som amplificou os movimentos musicais que efervesciam nas ruas.
Ao mesmo tempo, Dorival Caymmi trazia um outro viés de nacionalização da música baiana, relatando como um cronista os hábitos, tradições e anseios desse povo. Sua música nutriu a construção do imaginário cultural a respeito da Bahia. A grande força de sua criação é o tom de simplicidade em uma construção de grande inteligência estética. Influenciado por esta simplicidade, junto à riqueza sonora do jazz, João Gilberto criou a Bossa Nova, que tornou-se um fenômeno mundialmente.
Não podemos deixar de mencionar também um dos mais relevantes movimentos musicais, estéticos, de viés fortemente político e social que foi a Tropicália. Partindo das ideias transgressoras do tropicalismo, a tropicália sacudiu o ambiente da música popular e da cultura brasileira no final dos anos 60. Tinha à frente artistas baianos como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Tom Zé, Capinam, os Novos Baianos, além dos Mutantes, Torquato Neto, Nara Leão e Rogério Duprat. Lançaram em 1968 o álbum icônico "Tropicália ou Panis et Circencis", um manifesto musical do movimento. Ao lado da tropicália, o rock baiano se destacava no cenário nacional com Raul Seixas e sua obra, consolidando uma cena musical sólida que se desenvolveu nas décadas seguintes com outros nomes como Camisa de Vênus e, mais tarde, Pitty.
Outra importante corrente, que transborda os limites da música e, traz a luta antirracista, o empoderamento negro, a exaltação da beleza e da história do povo negro, são os blocos afros com o seu samba-reggae, nascido nos anos 70. A potência da música percussiva dos blocos afros passa a influenciar a musicalidade dos trios elétricos, misturando sonoridades harmônicas e percussivas, nos anos 80. Sua musicalidade foi apropriada pelos empresários dos blocos, que criaram grupos com artistas do seu interesse, dando o protagonismo e monopólio narrativo, midiático, suportados por uma grande estrutura econômica e política. Ritmicamente, a axé music é o encontro da música dos blocos de trio com a música dos blocos afro, o frevo baiano com samba-reggae, um samba-reggae pop/eletrônico. Mas tornou-se um gigante viés da indústria criativa, exportadora e exploradora da musicalidade afro baiana.
Como referências do samba-reggae temos o Olodum, Ilê Aiyê, Muzenza, Timbalada, Banda Reflexus dentre muitos outros. No Axé Music com artistas como Luiz Caldas, Gerônimo, Banda Mel, Cid Guerreiro, Chiclete com Banana, Araketu, Daniela Mercury. Ao mesmo tempo, com um pensamento conectado com a world music, Margareth Menezes defende e difunde o seu trabalho dentro do conceito Afropop. Contemporâneo e ao mesmo tempo referenciado nos elementos ancestrais, com influências que vão da black music norte-americana às guitarras do rock, fundidas com tambores afro-brasileiros, indígenas e latinos, como uma síntese que culmina numa identidade afro-urbana presente não só na Bahia, mas em todo o mundo.
É importante mencionar também o movimento que se deu a partir do disco Cantoria (1978), gravado ao vivo no Teatro Castro Alves. Pois, talvez seja o disco mais impactante para a projeção contemporânea da musicalidade do interior do estado. É a união do erudito com o popular, e influenciou vários movimentos, não só na Bahia. O Grande Encontro nada mais é que uma segunda versão do Cantoria. O próprio termo "cantoria" passou a fazer parte do vocabulário dos cantores regionais. Centenas de cantautores por todo estado passaram a fazer "cantorias" e não mais shows, e vários festivais passaram a reunir esses artistas, como o Cantoria de São Gabriel, que já está na trigésima edição.
Em Cachoeira, também no final da década de 70, o reggae começa a fazer parte da cultura jovem da cidade. Destacam-se Edson Gomes (hoje reconhecido como o maior reggaeman do Brasil), Nengo Vieira e Sine Calmon que influenciaram bandas como Adão Negro e Diamba, que transformaram o estado numa potência do estilo a nível mundial, sendo celebrado anualmente no festival República do Reggae, um dos maiores festivais independentes da Bahia.
Nos anos 1990/2000, a música baiana, fortemente cosmopolita, mais pop, absorveu influências da música latina, jamaicana, da lambada, do reggae, do rock, abrangendo ainda mais as possibilidades de expressões. Junto a isso, nasceram dois importantes gêneros da música popular urbana periférica da Bahia, o pagode e o arrocha (que revelou inúmeros artistas do interior do estado como Nara Costa, Silvano Salles e Pablo).
Em meados dos anos 2000 nasce a Orkestra Rumpilezz, criada pelo maestro Letieres Leite a partir do seu pensamento sobre o Universo Percussivo da Bahia. Trouxe a percussão e ritmos de matriz africana para dentro da música erudita. Uma orquestra de música popular instrumental que incorporou à música ancestral baiana, do candomblé, uma roupagem harmônica moderna e a influência do jazz.
A acessibilidade às tecnologias de produção promoveu a difusão global da música eletrônica, influenciando e renovando as sonoridades da música baiana. Possibilitando a fusão de referências e, apontando para o movimento Afrofuturista, inserindo instrumentos típicos da música pop para criar novas sonoridades, sem rótulos, sem fronteiras.
Como destaque criativo nesse conceito afrofuturista na música temos o BaianaSystem, surgiu em 2009, que trouxe a guitarra-baiana, a psicodelia do rock, da música eletrônica, a guitarrada paraense, a música latina, as percussões do samba-reggae, o dub, o reggae, o arrocha, o forró, a chula, o samba duro, o maracatu, o frevo, o rap. Tudo junto, misturado. Um som extremamente vanguardista, mas resgatando, recriando junto às sonoridades afro-diaspóricas.
Esse modo de criar, impactou e influenciou uma nova geração de artistas, bem como instigou uma nova estética sonora que se desdobrou em outros subgêneros, como o pagotrap, dando suingue a construção linear do trap.
A musicalidade da Bahia nunca deixou de se renovar, se reinventar. Os movimentos contemporâneos que se destacam hoje, nada mais são do que um relicário de referências ancestrais deste porto de diásporas. Um retrato da construção cultural deste território que é solo fértil e farol de um grande legado cultural, provocado pelo circuito de comunicação e encontro das diásporas negras, potencializado pela globalização eletrônica e pela web, coloca em conexão digital, espiritual, ancestral, os repertórios culturais baianos, brasileiros e mundiais.
Raína Biriba
Carol Morena
Gilmar Dantas
Joilson Santos
Discos
Não há nenhum disco em que Gal Costa esteja como está aqui. O flerte explícito com a psicodelia deixa ainda mais claro como Gal podia tudo. A ficha técnica é uma reunião de algumas das figuras mais interessantes e talentosas da época: lá estavam Rogério Duprat (direção musical e alguns arranjos), Lanny Gordin (alguns arranjos e guitarras), Jards Macalé (guitarras), Gilberto Gil (alguns arranjos e composições) e mais composições de Jorge Ben, Caetano, Erasmo, Roberto e Tom Zé. Mas sobretudo estava Gal. Ousada, no mesmo ano do lançamento de Cantar (!), totalmente psicodélica em plena ditadura militar, dizendo a que veio, fazendo coro ao movimento tropicalista e marcando a produção musical brasileira para sempre.
Por mais que Acabou chorare (1972) tenha sido o grande responsável pela explosão dos Novos Baianos, foi em Ferro na boneca que o grupo mostrou toda a potência que poderia ter. É curioso ver como, não raro, o processo de quem descobre a banda é ouvi-lo depois do subsequente Acabou chorare, e só então entender a origem que fez os Novos Baianos serem quem são. É aqui que se gesta o que veio dois anos depois, os elementos que ficaram e o caminho a trilhar quando se encontram com o samba. Com composições de Moraes e Galvão, rock e uma psicodelia brasileira que brincava até com mambo e um arrasta pé, Ferro na boneca é frescor juvenil puro, um dos melhores abre-alas da música brasileira.
Escolher um disquinho só de Gil não é pouca coisa, mas bati o martelo em Refazenda por ele trazer, aqui, um Gil que começa o caminho de volta a suas origens após todo o movimento tropicalista sacudir as possibilidades de experimentações e provocações. Este álbum traz uma beleza singela nas letras e arranjos, inerentes também a Dominguinhos, muito presente no disco. Os arranjos, inclusive, são talvez a grande atração deste trabalho, com cordas e sopros orquestrais, linhas de baixo tortas, acordeão passeando de formas distintas pelas canções, hora dando apenas um toque ali no fundo, hora fazendo linhas belíssimas e aparecendo mais robusto. Estes são só alguns exemplos da riqueza de sonoridade que Refazenda nos apresenta: o flerte do tradicional com um groove experimental, abrindo a série de discos com o prefixo “re” que Gil viria a lançar posteriormente (Refavela, Refestança e Realce).
Para o ouvinte mais distraído, Os Tincoãs eram um trio de instrumentistas e cantores que entendiam de harmonia como ninguém; para os minimamente versados na cultura e na religiosidade afro-brasileiras, Os Tincoãs eram um trio de instrumentistas e cantores que entendiam a Bahia negra como ninguém. O disco homônimo de 1977 dobrou a aposta do grupo no candomblé e na oralidade das lendas e histórias que vinham de Cachoeira, cidade de origem do grupo. Desse encontro entre fé e ancestralidade nasceu Cordeiro de Nanã, canção de Dadinho e Mateus Aleluia, talvez a mais conhecida do trio, de refrão que se irradia como mantra e que esconde, entre uma repetição e outra, uma passagem tão delicada quanto dolorida: "O que peço no momento é silêncio e atenção. Quero contar o sofrimento que eu passei sem razão. O meu lamento se criou na escravidão que forçado passei." Mateus segue com carreira solo brilhante e cuja discografia merece uma lista à parte.
Como a capa entrega sem muita firula, finalmente um Caetano mais solar! Cinema traz um letrista já menos escaldado pelo exílio e um músico de estúdio plenamente afinado com A Outra Banda da Terra, espécie de supergrupo que já o acompanhava havia três discos. Não sei se essa mudança de humor, que se percebe na voz de Caetano mesmo em canções mais introspectivas, se devia ao otimismo com as conversas sobre o fim iminente da ditadura ou a alguma pressão de executivos por vendas mais robustas. Seja qual for o motivo, o fato é que Cinema trouxe uma enxurrada de hits com forte apelo radiofônico, incluindo a inspirada Badauê, composição do saudoso mestre Moa do Katendê.
Canto Negro é um grande paradoxo: espalhado entre dez músicas cujas letras convidam à reflexão ao mesmo tempo em que os tambores obrigam o corpo a se mexer sem pensar muito, o transe percussivo entregue nesse disco 31 minutos que mais parecem cinco. Tal qual um desfile do Ilê em dia de carnaval, Canto Negro passa rápido, elegante, marcante e furioso, numa sucessão de hits, dando continuidade ao que já se sabia àquela altura: estava ali o maior bloco afro do país. O ilê emociona a todos, cultiva força e auto estima preta e é um agente transformador no seu território e além. Este disco é um clássico absoluto e discografia obrigatória para entender a música no estado.
Edson Gomes é praticamente uma unanimidade na Bahia. O estado tem uma cena reggae muito forte, mas também muito restrita a seu próprio nicho, e foi Edson Gomes o grande responsável por quebrar preconceitos e barreiras radiofônicas ao se impor como referência cultuada não só de seu próprio gênero, mas como da música que se faz na Bahia de modo mais amplo. Este disco, com canções que em pouco tempo se tornariam hinos conhecidos em todo o estado, como Árvore, Criminalidade e Campo de Batalha, foi seu terceiro álbum de estúdio. A violência urbana, que assolava Salvador na passagem da década, é o tema que costura e dá liga ao disco, e os alertas de Edson Gomes infelizmente permanecem atuais.
"Eu sou Olodum, quem tu és? Aguce a sua consciência, negra cor." É assim, de forma contundente, que os criadores do samba-reggae começam o disco que em pouco tempo já se tornaria um clássico. A construção da autoestima preta cantada pelo bloco afro ajudou a revolucionar a música feita no estado. O Olodum virou o grande cartão de visitas de Salvador para o restante do país, uma marca que carrega símbolos sonoros e projetos sociais, possíveis graças ao sucesso estrondoso que este grupo construiu também no exterior por meio de colaborações emblemáticas com nomes como Jimmy Cliff, Paul Simon e Michael Jackson. "A música do Olodum" é um hit atrás do outro, discoteca básica da música baiana.
Numa época em que o axé, como linha de montagem musical e turística, começava a dar os primeiros indícios da exaustão de sua fórmula, a Timbalada se firmava como seu próprio gênero musical, uma mistura de subgêneros criados pela própria banda e que curiosamente nenhuma outra ousava emular. O carnaval baiano passou a se dividir entre grupos de axé, grupos de samba, grupos de samba-reggae, grupos de afoxé, e Timbalada. "Cada cabeça é um mundo", terceiro disco da banda, apenas confirmou a criação de Carlinhos Brown como algo completamente único dentro da música de verão da Bahia, emplacando hit atrás de hit e começando a provar, para espanto dos magnatas do axé, que o clubinho baiano de hitmakers não era tão exclusivo assim.
Os Dead Billies tinham tudo para dar errado: uma banda de psychobilly, cantado em inglês, cercada de axé por todos os lados. E nós estamos falando dos anos 1990, quando o ritmo reinava inconteste em carnavais, rádios e domingos legais Brasil afora. Dentro de um movimento amplo de bandas que buscavam se opor à fábrica de hits do axé, Don't mess with... foi talvez o disco mais bem sucedido na missão de se afastar ao máximo do gênero baiano, sem uma única gota detectável de música baiana (ou mesmo brasileira) ao longo de suas 13 faixas. Este disco foi o único que os Dead Billies lançaram em sua breve e meteórica carreira, e é hoje um clássico absoluto no rock baiano.
Fora dos grandes holofotes, Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta são um marco da música da Bahia nos anos 2000. Com shows lotados e uma projeção nacional promissora, foi com este disco, o segundo da carreira, que ficou provado: a banda era mesmo merecedora da atenção que começava a ganhar. Ronei confirmava seu talento como letrista, Pedro Sá fazia produção musical e a banda tinha uma formação perfeita: guitarras, baixo, bateria — não precisava de mais. Oriundos do rock, sua fonte, mas podiam ir para qualquer lugar, estava claro. Com canções para gritar a plenos pulmões, este disco marcou uma época e segue sendo referência até hoje.
O Baiana é a banda soteropolitana expoente dessa geração, tornando-se um tipo de movimento involuntário seminal, inspirando muito do que veio depois dela e chamando a atenção do país para o que vem sendo produzido no estado. A combinação de Russo Passapusso na voz, letras provocativas, políticas e cheias de referências locais, guitarra baiana, reggae, dub, herança de samba reggae, flertes com pagode, música eletrônica e uma forte pesquisa de símbolos estéticos sonoros e visuais faz o público conectar-se de forma muito profunda com o que a banda propõe. Foi em Duas Cidades que o Baiana se firmou como esta potência, entendendo realmente seu formato e circulando pelo Brasil e mundo, fazendo deles uma das bandas mais interessantes do país, atualmente, símbolo do novo carnaval baianos pós axé.
Luedji é uma artista que faz brilhar o olho de quem a ouve desde o dia 01. Voz e presença fortes, mas com muita doçura. Este é o primeiro disco da cantora que já, a esta altura da carreira, vinha com um mega hit que furou bolhas (a música “Banho de Folhas”), além de outras canções que fizeram desse disco um já clássico contemporâneo, fazendo-a despontar para circular Brasil e mundo. Luedji já chega com uma maturidade invejável nas composições, no palco e em como se apresenta ao mercado da música. Uma cantora desta geração que tem um trabalho já consolidado e sem dúvidas uma longa carreira.
O primeiro disco de Baco veio com pé na porta. Uma voz rasgada e inconfundível, com samples bebendo na MPB, linhas melódicas grudentas e letras que falam de cotidiano, orgulho preto e também alguma vulnerabilidade, provocando os estereótipos tanto americanos quanto brasileiros da figura do rapper. "Te Amo, Disgraça" chegou como hit grudento, um romantismo cru e instigante que abriu caminho para cativar um público não só de amantes do gênero. Um excelente disco de estreia que chamou a atenção do país inteiro para tudo que ele fizesse após. Baco hoje é um dos principais nomes do rap baiano, provocador e excelente letrista, que acumula muitos prêmios e críticas elogiosas à sua discografia.
O disco de estreia de Xênia chegou forte e sofisticado, já lhe rendendo indicação ao Latin Grammy Awards 2018. Bebendo muito da fonte do soul e R & B, a potência de Xênia fica clara neste disco, onde ela parece brincar com sua própria voz e fazer o que quiser com ela, sob a produção musical de Pipo Pegoraro e Lourenço Rebetez. Mas ela não fica por aí e vai além das suas referências mais explícitas, brincando com sonoridades eletrônicas, um pouco de psicodelia em alguns momentos, jazz e construções de arranjos muito ricos em camadas. Xênia já apareceu como uma artista com alcance nacional e internacional, mostrando o que poderíamos esperar dela, em sua carreira solo que dali se anunciava pós banda Aláfia: uma artista com muita potência, que trabalha com muito esmero, beleza, qualidade, elegância e provocação.
Não é raro ouvir que Tiganá é uma entidade, comentário elogioso que só damos para aqueles artistas que parecem ter uma força, magnetismo e presença que parecem transcender este plano. Em Vida Código ele traz um trabalho ainda mais maduro, intimista, de uma beleza incomum e embalada por uma das vozes masculinas mais marcantes em sua doçura e força. Tiganá aqui passeia com muita cautela por alguns ritmos eletrônicos e esta é talvez a maior surpresa deste trabalho, produzido por ele e Sebastian Notini. Este álbum é um convite a silenciar o mundo externo e imergir na atmosfera criada por Tiganá.
Giovani é um dos cantores e compositores mais talentosos atualmente. Sua presença e força ao vivo captam a atenção de quem o assiste, seja público ou outros artistas. Isso talvez seja um dos motivos de Nebulosa baby ter um alto número de parcerias. Nomes como Jup do Bairro, Luiza Lian, Alice Caymmi, Vandal e Ava Rocha não perderiam a oportunidade de contribuir com este artista tão interessante quanto versátil, assim como Benke, da banda Boogarins, que produziu o álbum. É interessante acompanhar a trajetória de Giovani, desde cedo investigando caminhos na música, do rock à MPB, flertando com rap, trap, sem medo do novo. Inquieto e intenso, este artista hoje já maduro apresenta neste seu terceiro disco, dentre outros temas, um diálogo sonoro e poético mais direto com o povo preto brasileiro, um caminho de identificação e pertencimento.
Jadsa é outra artista dessa geração que começou cedo e que vimos amadurecer a cada trabalho lançado. Aqui ela parece ter encontrado sua maturidade e entendimento de que artista ela é, sonoramente. Produzido por João Meireles, parceiro já antigo que trouxe também muita personalidade pro trabalho, é de mergulho exatamente a sensação que temos ao dar play. Com arranjos que muitas vezes funcionam como mantras, timbres e grooves imersivos, o disco tem participação de Ana Frango Elétrico, Kiko Dinucci, Josyara e Luiza Lian e influência forte de Itamar Assumpção.
Russo firmou-se como grande front man da banda Baiana System, mas desde antes dele fazer parte da banda, já desenvolvia seu trabalho com outros grupos da cidade, como o Bemba Trio e Ministério Público. Em 2014 lançou seu primeiro disco realmente solo, o excelente Paraíso da Miragem e em 2022 juntou-se a duas de suas grandes referências musicais, os também baianos Antônio Carlos e Jocafi, dupla que fez grande sucesso nos anos 70. Alto da Maravilha é um encontro entre passado e presente e este disco deixa isso muito claro também sonoramente. Produzido por Curumin, Zé Nigro e Lucas Martins, o disco mistura uma atmosfera de cancioneiro popular com samba, funk e uma forte base percussiva, não decepcionando público e crítica que já tinha este disco como um dos mais aguardados do ano.
Elomar começou sua carreira já com um grande disco, mas este segundo álbum, duplo, mergulha ainda mais no interior profundo. Gravado nos estúdios do Seminário Livre de Música da Universidade Federal da Bahia, em dezembro de 1978, com participação de outros grandes nomes como Dércio Marques, Carlos Pita, Xangai, dentre outros. Alguns dos grandes sucessos de Elomar estão neste trabalho, como Arrumação, A pergunta e Campo branco.
O grande sucesso da gravadora Kuarup. Depois deste espetáculo, idealizado pelo produtor baiano Antonio Carlos Limongi e gravado no Teatro Carlos Alves, muitos artistas passaram a utilizar a palavra “cantoria” no lugar de “show” e vários festivais de cantoria surgiram Brasil afora. É considerado o primeiro registro ao vivo gravado em sistema digital no Brasil e o projeto musical mais duradouro da música popular brasileira. Em Cantoria, os músicos tocam seus violões sem nenhum outro apoio musical.
Se alguém pode ser chamado pai da axé music, esta pessoa é Luiz Caldas, sendo o disco Magia a sua pedra fundamental. É deste álbum, o primeiro do artista, a música Fricote, conhecida por Nega do Cabelo Duro, que estourou nas rádios brasileiras e é conhecida como marco zero do estilo que transformou o carnaval de Salvador em um fenômeno da cultura de massas, puxando consigo toda uma cena de novos músicos e bandas baianas.
No início dos anos 1990, Evandro Correia surgiu em Vitória da Conquista com um disco de enorme sucesso (Menino da Vida), chamando a atenção da Rede Bahia, afiliada da Globo, que resolveu investir no artista, juntamente com o selo BMG Ariola, acreditando estarem diante do “novo Djavan”. O resultado não teve o sucesso comercial que se esperava, frustrando inclusive o próprio artista, mas este segundo disco tem envelhecido bem e a faixa título é uma das mais belas canções já feitas no interior baiano.
Penélope é a grande representante baiana da cena rock brasileira dos anos 90, da qual despontaram nomes como Skank, Raimundos e Chico Science & Nação Zumbi e mais uma centena de bandas e uma das últimas a lançar o primeiro disco. Destaque para o hit “Holiday” e uma super versão de “Namorinho de Portão”, clássico de Tom Zé, que foi totalmente reestruturada. Tom Capone produziu este disco cheio de boas canções, músicos experientes e os afinadíssimos vocais de Érika Martins.
Na incrível e diversa cena do rock baiano dos anos 90, com bandas totalmente diversas lotando shows por todos os bairros de Salvador, nenhuma delas foi tão “indie” quanto a brincando de deus. Este segundo disco é seu melhor trabalho, com algumas das melhores canções do chamado “rock triste” já feitas. Se a Inglaterra teve Johhny Marr e Morrissey, a dupla Cézar Vieira (in memorian) e Messias Bandeira não deixam a Bahia para trás.
Juntamente com Erika Martins, Nancyta e Pitty, faz parte do quarteto principal de mulheres do rock baiano, sendo a mais psicodélica delas. Uma mistura ousada de trip-hop, guitarras pesadas, indie rock e Tom Zé, com letras poéticas e intensas. Foi com este disco produzido por André T que Rebecca conseguiu circular em capitais e no interior baiano, sempre acompanhada pelos melhores músicos da cena baiana, sendo as performances mais marcantes as que ela fez ao lado do saudoso Peu Sousa.
Com este EP lançado em 2002 o quarteto baiano deu continuidade ao trabalho iniciado pela brincando de deus, mostrando que a Bahia, em meio a carnavais, micaretas e muito axé music, poderia fazer, também, um rock de primeira qualidade. A principal diferença em relação ao seu antecessor veio nas letras, desta vez em português. O impacto das quatro faixas desse álbum influenciou muita gente na Bahia, principalmente em Vitória da Conquista.
Mão Branca começou como um cantador de canções regionais, mas foi no forró que conseguiu o sucesso em todo Nordeste, que o levou até ao cargo de deputado federal. Há vinte anos, Mão Branca lançou este álbum que era a trilha principal do homem do campo e o consolidou, para muitos, como o maior forrozeiro da Bahia, por conta principalmente da sua presença de palco - um frontman sempre alerta à procura de festa e capaz de animar um ambiente como ninguém.
Assim como Rebeca Matta, Nancyta teve seu álbum lançado pela Lua Discos. Mesmo tendo influenciado muita gente e ser uma síntese perfeita de todos os ingredientes do rock baiano, este foi o único disco do projeto, que não teve continuidade. Uma pena, pois era única a química gerada entre Nancyta e os Grazzers, grupo formado por Rex (bateria), CH (baixo) e André T. Destaque para o hino “Minhoca Azul D Grude”, música escrita pela própria cantora.
Na primeira música deste segundo disco, a banda punk conquistense já assume logo: “Sim, somos os piores”. E fica o questionamento: como uma banda formada pelos “piores” foi capaz de fazer um álbum tão cheio de hits? Todas as músicas eram cantadas a plenos pulmões por centenas de fãs que lotavam e lotam até hoje os shows da principal banda conquistense de todos os tempos.
Depois de uma efervescente cena autoral na virada do milênio, as bandas covers tomaram conta do interior baiano até que, em 2010, a banda conquistense Os Barcos lançou este disco que teve um grande sucesso de crítica e conquistou muitos fãs na cidade. Com este disco, naquele ano, a banda tocou nos principais eventos da cidade, gravou um DVD no Teatro Castro Alves e ainda fez uma tour de dez shows em onze dias no Nordeste, juntamente com a banda Maglore. A dobradinha dos dois grupos ficou conhecida como “Novíssimos baianos”.
Entre o EP que lançou o grupo e este primeiro álbum, houve um grande intervalo. Tempo suficiente para a banda circular por todo estado e até pelo país, criando uma expectativa imensa. E o disco não decepcionou. Além das canções do EP que já eram conhecidas pelo público, trouxe belas canções inéditas e um super hit, a música Demodê. Depois deste lançamento, a Bahia ficou pequena e a Maglore se mudou pra São Paulo, continuando a lançar grandes discos até hoje.
De uma das regiões mais improváveis é que surgiu o principal grupo de rap baiano. Dez anos se passaram desde o lançamento deste aclamado álbum e a perspectiva de sucesso tão anunciada pelos críticos e entusiastas desta banda de Ilhéus ainda não aconteceu, o que não diminui nem um pouco a importância do disco, que só tem pedrada. Além de Buguinha Dub na produção, OQuadro também contou com as participações de Lurdez da Luz, Guilherme Arantes e MC Dimak.
Foi eleito o Melhor Álbum de 2013 pelo público que acompanha o site El Cabong, do jornalista Luciano Matos. O disco traz 11 composições do artista, carregadas de poesias e trafegando por diversas influências, que passam por Raul Seixas, Edy Star, Di Mello, dentre outras. Segundo o próprio Ayam, “Partir o mar em banda é uma postura minha diante da vida e do sistema político-econômico em que vivemos, um pequeno ritual para os momentos de crise. Eu entro no mar e deixo a onda bater no meu peito o tempo que for necessário, até doer.”
Achiles e Marcus Marinho já trabalham juntos há algum tempo, sendo uma dupla respeitada na região e ganhadores de festivais Brasil afora, quando convidaram Tarcísio Santos (guitarra), Tiago Menezes (baixo) e Juninho Andrade (bateria) para formar o projeto CAIM. O resultado é este disco com uma amplitude sonora incrível, com influências da música mais regional ao metal mais pesado, com Achiles afiadíssimo nas letras.
A Dona Iracema já teve diversas formações. Vários integrantes já passaram pelo grupo e mesmo assim a banda sempre se manteve firme e forte no seu propósito, com seu hardcore cheio de influências, mas foi somente com este álbum que a banda consolidou sua sonoridade, abandonando as referências mais evidentes a Raimundos e Mamonas Assassinas. Destaques para as faixas Volta pra Casa João, com participação de Luiz Caldas, e Escuta Meu CD.
Desde criança, Achiles sempre esteve dividindo o palco com alguém. Primeiro com seu pai e a banda Me Leva, a qual ele voltou a fazer parte recentemente, agora liderando. Depois com Marcus Marinho e por último com o CAIM. Talvez por isso, existia uma necessidade de lançar algo que tivesse só a sua cara e isto gerou o Divino e Ateu. Com produção de Tiago Menezes, este EP levou Achiles a ganhar o Prêmio Caymmi de melhor cantor e a vários shows e festivais, como o Festival DoSol em Natal.
Vitória da Conquista sempre foi conhecida como um “celeiro musical”. Muitos grandes instrumentistas nasceram e cresceram aqui, sendo que boa parte deles estudou com um professor em comum: Carlos Porto. Este grande mestre tinha uma enorme quantidade de composições ao longo da vida que, por iniciativa do produtor cultural Ricardo Marques, foi reunida neste disco em que Carlos nos apresenta acompanhado por amigos e ex-alunos.
Nascida em Vitória da Conquista, no agreste baiano, e renascida em Jequié, também na Bahia, a cantora e compositora Ana Barroso expandiu sua arte com o lançamento do álbum independente “Cisco no olho”, que traz nove canções autorais, que falam de temas diferentes como amor e política e trazem essa diversidade na sonoridade, com produção do sueco Sebastian Notini (Seba), que já a acompanhava nas apresentações.
Ederaldo Gentil é um dos grandes compositores do samba brasileiro. Baiano de Salvador, nunca teve o reconhecimento merecido, - apesar de ter uma obra maravilhosa - e que foi cantada por grandes nomes do samba como Alcione, Jair Rodrigues, Beth Carvalho e Clara Nunes. Entre os seus discos gravados, este é um dos mais aclamados pela crítica especializada. Conta com belíssimas canções como A Saudade me Mata, O ouro e a Madeira, Dia de Festa, entre outros clássicos do artista. Samba, Canto Livre de um Povo é uma mostra da beleza e da força do samba produzido na Bahia.
Moraes Moreira é um nome fundamental na história da música baiana, tanto em seu trabalho com os Novos Baianos, quanto em sua carreira solo. Sua obra tem a cara de um dia feliz do brasileiro comum, trabalhador, que gosta de cerveja, samba e futebol. Além disso, suas composições figuram no imaginário musical, as múltiplas identidades culturais que formam o nosso país. Poderia escolher outro disco de sua extensa obra, mas este é especial por conter um dos maiores sucessos da carreira do artista: a canção Pombo Correio. Esse disco também consolida Moraes entre os maiores da MPB e, de certa forma, é um material que dá continuidade ao “caldo” que os Novos Baianos vinham fazendo em seus discos através das misturas de samba, bossa nova e o rock’n’roll dos Beatles, por exemplo.
Tom Zé é um dos gigantes da música brasileira e dispensa apresentações. Este disco do músico nascido em Irará, interior da Bahia, foi lançado após o aclamado “Estudando o Samba” de 1976 e, talvez por isso, não tenha ganhado tanta evidência na sua discografia. O Álbum tem como tema central a migração dos nordestinos que deixaram sua cidade natal em direção ao sudeste. Não é uma obra tão experimental quanto seus antecessores, mas isso talvez seja o que torna o trabalho mais interessante e peculiar. Correio da Estação do Brás nos apresenta sambas, xotes e boleros, sempre construídos da forma que só Tom Zé sabe fazer, com muita inventividade, riqueza lírica e carregado de crítica social.
Raimundo Sodré é um grande compositor do sertão baiano. Nascido em 1947, na cidade de Ipirá-BA, alcançou grande sucesso com o álbum A Massa - feito que não conseguiu se repetir, mesmo lançando ótimos trabalhos posteriormente. Neste álbum todas as influências de Raimundo podem ser observadas ao longo das canções: samba de roda, forró, chula, pontos do Candomblé e cantigas das festas de Santo Reis, são refletidas ao longo das onze faixas deste álbum, que conta, ainda, com parcerias de grandes compositores como Roberto Mendes e Jorge Portugal.
Na década de 1980, algumas comunidades rurais do sertão baiano, mais precisamente em Feira de Santana, e outras da região sisaleira, foram reunidas e estudadas dentro de um projeto de pesquisa, cujo objetivo era registrar as canções e cantigas que eram cantadas durante os afazeres cotidianos dos membros destas populações. Foram observadas a existência de um acervo de música riquíssimo que, de algum modo, traduz as manifestações e tradições culturais do interior baiano. Neste processo - que reuniu 6 das 15 comunidades daquela região -, surgiu este disco - Da Quixabeira pro berço do Rio - um registro maravilhoso de uma das maiores expressões populares do nordeste brasileiro, e que é parte importantíssima do patrimônio imaterial da Bahia. Neste disco estão uma série de canções compostas no dia a dia do labor do campo, de poesia riquíssima e musicalidade sem igual. Foi a partir desse trabalho que diversas composições foram regravadas por nomes como Carlinhos Brown, Gilberto Gil, Gal Costa, entre outros. A obra é uma verdadeira celebração do samba de roda baiano. Um registro de beleza que ultrapassa as barreiras do tempo.
Dionorina é, sem sombra de dúvidas, um dos maiores nomes do reggae nacional. Baiano de Feira de Santana, o artista é um dos precursores do estilo musical no estado. Dono de uma voz poderosa e inconfundível, Dionorina lançou em 1994, essa obra prima absoluta do reggae brasileiro, fruto do prêmio Caymmi que ele ganhou um ano antes com a música “Porrada de Polícia''. Quase 30 anos depois, Música das Ruas ainda é um álbum celebrado pelos críticos, tem uma qualidade acima da média, arranjos incríveis e 10 canções imprescindíveis para a história do reggae no Brasil.
A diversidade da música produzida na Bahia já é bastante conhecida. E em um estado com tanta diversidade não poderia faltar as vertentes mais pesadas da música. Este é o primeiro disco da Drearylands, banda soteropolitana que iniciou a sua carreira no fim da década de 90, e encerrou recentemente com a morte do seu baterista. Este é um disco tradicional de heavy metal, com uma produção impecável, com arranjos riquíssimos e elementos como violões clássicos e violinos, que entregam um ar de sofisticação e refinamento ao álbum, e que torna este trabalho ainda mais especial. Todo cantado em inglês, a banda ainda apresenta - na parte lírica - um extremo cuidado nas composições que são interpretadas por uma voz poderosa do vocalista Leonardo Leão. Em suma: um belo álbum de heavy metal, produzido na Bahia com excelentes arranjos executados por ótimos músicos e interpretado por um vocalista de voz pouco comum nesse estilo musical. Um primor que vale ser conferido pelos amantes de sonoridades extremas.
Bule-Bule é quase um sinônimo de Cultura Popular. Sua existência, através de sua obra, se (con)funde com as tradições culturais difundidas pelos sertões baianos. Nascido em Antônio Cardoso, ele é repentista, cantador, violeiro e poeta sambador. Ao longo de sua carreira tem cumprido a missão de manter viva as tradições musicais do sertão da Bahia - e tem feito isso com muito louvor! Rimas e versos que mexem com as memórias do sertanejo interiorano, mas que também alcançam qualquer pessoa que aprecia a poesia que reverbera nas/das veredas da Bahia profunda, adentro e fora da margem. Licutixo reúne treze canções, uma pequena amostra da grandiosa obra deste importante cantador popular do interior da Bahia.
Marcela Bellas, baiana nascida em Salvador, é cantora, compositora e produtora musical. Em 2009 ela produziu, em parceria com o músico Tadeu Mascarenhas, o álbum “Será que Caetano Vai Gostar?”, seu primeiro disco lançado de forma independente, e que apresentava uma nova estética em relação ao que vinha sendo produzido na Bahia. Alguns chamam de Música Pop Brasileira ou Neotropicalista, mas a verdade é que em 2009, com a crise do Axé Music, a Bahia já estava mirando, no que diz respeito a essa estética musical, em outras direções - principalmente no universo mais independente. Este álbum de Marcela é um dos trabalhos, junto com Baiana System, Manuela Rodrigues, Ronei Jorge, entre outros, que demarcam essa nova direção para a música produzida na Bahia. Os arranjos cuidadosos e a voz doce e singular de Marcela, nos conduzem com maestria entre as doze faixas que compõem o disco.
Clementino Rodrigues é o nome dele. Nascido em Salvador e dono de sucessos como “Vá morar com o Diabo” e “Chô Chuá”, Riachão é outro nome que dispensa apresentações e é, sem dúvidas, uma das personalidades mais importantes do samba brasileiro. Em 2010, a cantora e produtora Vânia Abreu, levou Riachão - na época com 90 anos -, para uma sala de estúdio com um microfone ligado e deixou ele cantar e cantar, sem nenhum acompanhamento, apenas ele sozinho, às vezes fazendo percussão com a mão, às vezes com o pé, o resultado desta experiência foi disco Mundão de Ouro, um registro maravilhoso e visceral desse grande compositor baiano.
Malefactor é um dos principais nomes da música pesada baiana, um verdadeiro patrimônio do estado. Grupo com 31 anos de carreira, com trabalhos reconhecidos tanto no Brasil como no exterior, por fazer música extrema com arranjos minuciosos e muita técnica. Este disco, lançado em 2013, ainda tinha a banda como sexteto e é sem dúvida um dos melhores discos de Heavy Metal já gravado no Brasil: disco técnico, com vocais excelentes, grandes composições e um trabalho muito difícil de definir esteticamente por conter uma diversidade grande de influências, Death Metal, Black Metal, música erudita, são várias referências reunidas num trabalho primoroso e de altíssimo nível.
Cleber Eduão Ferreira é músico, cantor, poeta e compositor, nascido em São Gabriel e radicado em Ibotirama, cidade importante da região oeste da Bahia e que fica no Vale do São Francisco. O disco Batente foi lançado em 2015 e reúne dezenove canções do compositor, passando por uma diversidade de estilos como forró, baião, samba, xaxado, entre outras vertentes musicais que compõem o balaio de influências que é a obra de Cléber Eduão. A poesia apurada de Eduão enriquece muito o seu trabalho, e nos transporta para região que é berço de seus versos e inspiração para suas músicas, de modo fascinante!
A banda Clube de Patifes nasceu em 1998 na cidade de Feira de Santana. A banda tem como norte musical o blues, mas não se fecha nessa referência, bebendo em diferentes fontes musicais. Em “Casa de Marimbondo'', o Clube, como é carinhosamente chamado, apresenta com mais força as influências das músicas tocadas nos terreiros de candomblé da Bahia. Este álbum, produzido por André T, é um trabalho que apresenta todo amadurecimento musical da banda, em anos de percursos e trajetórias. Casa de Marimbondo é um trabalho que enaltece toda a diversidade de ritmos que circulam na Bahia e, em certa medida, no mundo. É uma ode, uma reverência à toda ancestralidade que nos forma, e que possibilitou transformar a tristeza em beleza, fazendo nascer o blues.
Mateus Aleluia ficou conhecido por seu trabalho com o grupo clássico de Cachoeira da década de 70, Tincoãs. Só em 2010 ele deu início a sua carreira solo. Fogueira Doce é o seu segundo trabalho, e trata-se de uma obra simplesmente espetacular. Uma obra afro-sacra e que tem como guia central a voz de Mateus Aleluia: poderosa, imponente, de um aconchego sem tamanho, como se imagina que seja a voz de um orixá. As canções de arranjos minimalistas parecem que foram tratadas uma a uma, com muito cuidado, possuindo uma beleza arrebatadora. Toda pesquisa e vivência de seu Mateus é transmitida nas músicas desse álbum, toda a sua ancestralidade fica evidente em cada nota proferida. Trata-se de um verdadeiro compêndio do que a África representa para nossa cultura, para nossa espiritualidade e para nossa música. Fogueira Doce é um disco para se consumir por inteiro, faixa a faixa, aproveitando a viagem em cada detalhe das canções.
Africania é um grupo de Feira de Santana liderado pelo compositor e multinstrumentista Bel da Bonita. O grupo Africania é considerado por Bel da Bonita como um conjunto de ideias rítmicas e memórias. Segundo o próprio Bel: “esses valores, essas lembranças, estão imbuídas em nós e daí a gente produziu uma música universal com toques do jazz, da música sacra africana, músicas feitas nos candomblés e por aí vai, com influência da Bahia". Ori é o trabalho de estreia do grupo. É, em sua maior parte, instrumental, e tem como base esse universo umbilical dos ritmos à ancestralidade, tendo as divindades do Candomblé como referência e reverência.
O grupo Roça Sound nasceu em Feira de Santana e tem como base musical, a cultura do Sound System, mistura Dub, Reggae e Dancehall. Entretanto, a obra do Roça Sound foi mais além na mistura, e trouxe para receita de sua música o Hip Hop e elementos de outros estilos populares nas periferias do interior da Bahia, como o arrocha e o pagodão baiano. Observando todo rebuliço que o acesso à internet e outras tecnologias causou na vida do povo do interior - e tendo como principal horizonte observável a cidade de Feira de Santana - o Roça Sound produziu um dos melhores discos da última década: Tabaréu Moderno. Este álbum mistura com bastante maestria todo universo musical que alcança os interioranos, como o forró, o samba de roda, a chula, arrocha, unindo à música eletrônica - facilitada pelo acesso à internet, aplicativos e programas para seu desenvolvimento - além dos já citados sound system e o hip hop. O resultado é um trabalho de altíssimo nível, criativo e que envolve uma gama de artistas da “Princesa do Sertão'' e recôncavo.
Se tem um disco que ainda vai ser muito reverenciado é este álbum. Livia Nery, cantora, compositora e produtora musical, fez sua estreia com primazia. A produção cuidadosa de Estranha Melodia, que também é assinada pelo cantor e produtor musical Curumim, nos arrebata já nos primeiros segundos do discos: as vozes, as harmonias, beats samples, os grooves, as múltiplas camadas, tudo nos abraça e nos envolve e, como numa dança, nos conduz entre as faixas. E, quando menos percebemos, o disco já acabou. Infelizmente!
Nascido em Alagoinhas, cidade que fica a 136 km da capital baiana, Hiran está desde 2017 marcando forte presença em palcos brasileiros. O rapper é declaradamente LGBTQIAP+ e traz em suas músicas, novas posturas para o tema. Galinheiro é seu segundo trabalho e traz uma versão do artista muito além do Rap desvelado em seu primeiro disco. Em Galinheiro o rap continua bem presente, entretanto percebemos uma expansão de sua música através de outros sons, nos apresentando novos ritmos, refrões cantados e participações de nomes como Majur, Illy, Tom Veloso, entre outros. O resultado é um trabalho muito mais rico, e que nos revela muito mais do artista Hiran. No total são nove faixas, pouco mais de vinte e cinco minutos de uma experiência musical surpreendente.
Sued Nunes é cantora e compositora baiana, nascida na cidade de Cachoeira, no Recôncavo da Bahia. Travessia é seu disco de estreia, lançado no ano passado (2021), de forma independente. Sued Nunes figura junto com Rachel Reis, Melly, Isa Roth e outros artistas, os novíssimos nomes da cena musical baiana, uma geração que nasce junto com as plataformas de streaming, e que já chegou apresentando novos horizontes para a música da Bahia. Travessia é um ótimo exemplo disso. O álbum não parece um disco de estreia, devido tamanha qualidade conceitual em sua proposta musical, partindo de alguém que tem apenas 22 anos. O álbum é impecável, arranjos, execução, interpretação, tudo com muito esmero e maturidade rara! Não à toa, já em seu primeiro lançamento, Sued vem chamando a atenção de ouvintes atentos, e tem ganhado visibilidade em palcos de importantes festivais Brasil afora.
Natural da cidade de Paulo Afonso (BA), o guitarrista Igor Gnomo apresenta um trabalho autoral instrumental com influências do jazz, rock, em simbiose com elementos da música nordestina (baião, samba de chula, maracatu) fortalecendo a representatividade da música instrumental produzida no interior do estado. Este é o terceiro e mais maduro trabalho do músico que traz dez canções autorais desenvolvidas durante o período de isolamento social durante o ápice da pandemia de COVID-19. O álbum segue com as influências que Igor já desenvolve desde seu primeiro disco. Mas, em Formiga Preta, alguns elementos e timbres ganham destaques em relação aos trabalhos anteriores. Rico em polirritmia e sincopado como um bom jazz tradicional, “Formiga Preta” flerta também com o jazz mais moderno, mais pop, sem deixar de ser orgânico.
Realce é um álbum conectado com a situação política e social do Brasil de 1979, trazendo seu olhar crítico de forma otimista, com destaque para a anistia. "Realce, uma maneira de dizer bem-estar" (Gil). Com forte influência da black music norte-americana, do disco, do funk soul, Realce apresenta também a ampla diversidade de sonoridades brasileiras assim como em toda a obra de Gil, com o samba, o ijexá, o reggae, fazendo referência à sua identidade, ao combate ao preconceito, passeando entre a tradição popular brasileira e o pop internacional.
Uma das parcerias mais importantes da música baiana entre Armandinho e trio elétrico Dodô e Osmar e Moraes Moreira traz os maiores clássicos dos carnavais da Bahia, com composições de Moraes Moreira, Fausto Nilo, irmãos Macedo, Caetano Veloso, Rizério, dentre outros. O álbum conta com grandes sucessos como Chão da Praça, Pombo Correio, Bloco do Prazer, Viva Dodô e Osmar, Eu Sou o Carnaval e Beleza Pura.
Viver, sentir e amar é marcado pelo ritmo, balanço, a voz única de Lazzo, arranjos e letras que transbordam sentimento e romantismo. Vai do reggae, samba reggae às influências da música latina ao funk soul, disco, uma diversidade sonora que agrada a todos os gostos. Trás “Do jeito que seu nego gosta” abrindo o disco, uma das músicas mais importantes da sua carreira. Além de outras importantes como “Viver, Sentir e Amar”, que dá nome ao álbum, “Parceiro” com participação de Rosa Maria e “Madalena” de Ivan Lins e Ronaldo Monteiro.
Reggae Resistência é um dos mais importantes discos do reggae brasileiro. Para além da estética musical inovadora, que incorporou as guitarras distorcidas do rock, teclados e naipes de sopro, cantou principalmente a situação vivida diariamente pelos ascendentes dos africanos escravizados, que após a abolição seguiram marginalizados e empurrados para os locais insalubres das cidades no processo de urbanização brasileira.
Todo o repertório do Ilê Aiyê, assim como em Canto Negro, busca o sepultamento da farsa da abolição, mantendo-se fiéis ao som e ao canto da liberdade ancestral, valorizando e incluindo a história e cultura africana nas narrativas da música brasileira desde 1984. Enaltecendo a força do povo negro, sua beleza, sua religiosidade, resistência e luta antiracista. Traz algumas das músicas mais marcantes do bloco como “Ilê de Luz”, “Deusa do Ébano” e “Negrume da Noite” com importantes vozes como Caetano Veloso, Lazzo, Guiguio e Martinho da Vila.
Kindala foi um verdadeiro sucesso de vendas fora do Brasil, ficando no topo das paradas em países como França, Suíça e nos Estados Unidos, com o qual Margareth fez turnê mundial na Europa, América do Norte e Ásia. Em seu repertório traz suas interpretações de composições como “Mosca na Sopa”’ de Raul Seixas e "Fé Cega, Faca Amolada” de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, além do clássico “Me Abraça e Me Beija” de Jimmy Cliff, Gileno Felix e Lazzo.
Virgínia Rodrigues possui uma voz lírica oriunda dos coros de igrejas de Salvador (BA), cidade natal da cantora. Foi descoberta por Caetano Veloso em 1990 em uma apresentação no Bando de Teatro Olodum. Tem seu disco de estreia "Sol Negro" lançado em 1997 com Direção Artística de Caetano Veloso. Conta com as participações de Milton Nascimento, Gilberto Gil e Djavan. O disco traz uma versão única da música "Negrume da Noite" do Ilê Aiyê com percussões de Ramiro Musotto.
O disco foi um grande fenômeno da música nacional, vendeu mais de 2 milhões de cópias, entrando para a lista dos discos mais vendidos do Brasil. Marcou uma geração, levou o ritmo do pagode, do samba, do axé e da swingueira da Bahia, junto com sua dança, para o Brasil e o Mundo. Suas canções de duplo sentido, que insinuam uma conotação sexual, abordam a sensualidade no corpo e na dança.
"Diplomacia'', álbum póstumo de Batatinha, foi lançado mais de dois anos depois de ter sido iniciado pelo próprio artista. Produzido por J. Velloso e Paquito, em uma vontade de tornar nacional o nome do sambista. O artista não tinha registros ou organização de sua obra. Os produtores gravaram em um pequeno gravador, em casa, as canções que Batatinha se lembrava. O disco segue uma ordem cronológica das memórias dele que foram registradas.
Disco produzido por J. Velloso, o álbum “Dona Edith do Prato - Vozes da Purificação”, um dos poucos registros de artistas mulheres da geração da década de 1920. Conta com participações do grupo Vozes da Purificação, Maria Bethânia, Mariene de Castro, Cortejo Afro, Roque Ferreira, Nené Barrêtto, Erlon Portugal e Caetano Veloso, de quem Edith foi mãe de leite. Segundo depoimento da artista, o álbum remete à sensação de estar no meio de uma festa de largo de Santo Amaro.
Primeiro álbum solo da cantora Pitty, que já tinha uma trajetória em bandas de rock na cidade de Salvador. “Admirável chip novo” foi o disco de rock mais vendido do Brasil e reposicionou o rock brasileiro no mainstream, renovado, trazendo uma mulher como representante. Pitty mostrou sua autenticidade e genialidade para compor letras que convidam à reflexão. O álbum gerou grandes sucessos como "Máscara", "Admirável Chip Novo", "Teto de Vidro", "Equalize", "Semana que Vem", e "I Wanna Be".
Disco de estreia da primeira mulher cantora de arrocha, Nara Costa, natural de Candeias-BA. O arrocha é um gênero musical filho do bolero e da seresta, mais agitado e dançante em que a cantora foi uma das referências no estilo nos anos 2000. Sua trajetória e importância na música popular baiana a batizaram como a Rainha do Arrocha.
O álbum de estreia do grupo que se destacou pela mistura de diversos gêneros como samba, frevo, reggae, o dub, a chula, o dancehall e o raggamuffin numa coisa só, explorando as possibilidades sonoras da guitarra baiana, produzindo uma música urbana com influências das culturas brasileira, africana e jamaicana. O disco conta com as participações de Chico Corrêa, Lucas Santtana, Gerônimo, Roberto Mendes, Buguinha Dub e BNegão.
Cores e silêncios se integram às nove faixas de “The invention of colour”, o segundo disco do músico Tiganá Santana, onde aprofunda o minimalismo poético-musical de sua obra, com as leituras sobre a ancestralidade vinculada aos universos religiosos da Bahia e da África. Produzido pelo percussionista sueco Sebastian Notini e quase totalmente gravado em Estocolmo. The invention of colour reúne composições em cinco idiomas (português, inglês, espanhol, kikongo e kimbundo), conduzidas pela sonoridade de um instrumento inventado, o violão-tambor.
Disco de celebração de 10 anos do grupo As Ganhadeiras de Itapuã, fruto de um trabalho coletivo e, ao mesmo tempo, familiar. Conta com a participação de senhoras, crianças e músicos, que juntos desenvolvem um repertório de música popular com cantigas, cirandas, rezas, ijexás, sambas. É um registro único da história destas mulheres que entraram pela primeira vez em um estúdio de gravação. O álbum tem participação de Margareth Menezes e Mariene de Castro e venceu o 26° Prêmio da Música Brasileira, na categoria Melhor Álbum Regional.
A Orkestra criada por Letieres Leite condensa as raízes rítmicas afro-baianas com a modernidade do jazz, utilizando instrumentos de percussão e sopro. “A Saga da Travessia" evoca trajetórias e tragédias dos povos africanos. O disco venceu o Prêmio da Música Brasileira na categoria instrumental, como melhor álbum e melhor grupo - Letieres ainda foi premiado como Melhor Arranjador por esta obra.
Com um som que mistura ritmos de Moçambique com batuque baiano, jazz e soul, Luedji fala em suas letras sobre a identidade afrobrasileira, os atravessamentos de corpos negros, a força da ancestralidade feminina e a leveza dos arranjos em contraste à dureza dos versos. Enfatiza canções de essência intimista, sempre sensíveis embaladas aos sons percussivos, metais e guitarras trabalhadas de forma atmosférica, conceito que perpassa a forte espiritualidade dos terreiros de Candomblé para aportar em referências jazzísticas e diálogos com a música brasileira.
Cantora e compositora de Juazeiro, no sertão da Bahia, Josyara resgata em seu segundo álbum a tradição da música-canção, presente na cultura sertaneja. O seu violão marcante e percussivo do samba-chula do recôncavo, elementos eletrônicos, a voz firme e canções primorosas trazem o universo de Josyara em “Mansa Fúria”. Numa aproximação de sertão e metrópole, de suas raízes com a contemporaneidade. Suas letras são como uma extensão de sentimentos, memórias e reafirmação da liberdade sexual.
A Dama é uma das mais significativas representantes femininas do pagode, um fenômeno dos paredões. Em seu terceiro disco “Elas que se bancam” defende o empoderamento da mulher, da mulher negra, a sua liberdade sexual, de fazer, sentir, vestir e ser o que quiser. Mulher periférica, bissexual, candomblecista, feminista de grande relevância para a música popular baiana.
Segundo disco póstumo foi lançado em novembro de 2022 e reúne sete músicas nas vozes dos cantores Russo Passapusso, Margareth Menezes, Roberto Mendes, Mateus Aleluia Filho, Márcia Short, Aloísio Menezes, Sued Nunes e Gerônimo Santana, além de dois registros com o próprio Moa. Gravado com produção musical de Átila Santana, amigo do artista assassinado há quatro anos por discussão política, o álbum Moa Vive celebra o legado de Moa do Katendê, um dos fundadores do Afoxé Badauê e um dos responsáveis pela reintrodução do ijexá na música brasileira, a partir da década de 1970.
Carol Morena
Gilmar Dantas
Joilson Santos
Natural de Itaberaba, e residente em Feira de Santana há 19 anos, Joilson é cofundador e coordenador do Feira Coletivo Cultural, coletivo de produção cultural que realiza shows, eventos e o Feira Noise Festival – este, realizado na cidade de Feira de Santana e considerado, atualmente, o principal festival do cenário independente do interior baiano. Joilson é idealizador e diretor da Agência Banana Atômica - focada na gestão de carreira de artistas -, e que atua também como Selo. Seu mais recente projeto na área da música foi a criação (em 2020) da editora musical Vitrola Portátil. Foi representante cultural no Colegiado Setorial de Música da Bahia (2013 a 2017), e em 2020 fez parte do Comitê Gestor que, junto com a Secretaria de Cultura do Município, trabalhou na aplicação da Lei Aldir Blanc em Feira de Santana. Em 2020, fundou com outros agentes e artistas, o Coletivo de Cultura do Interior da Bahia (Cactiba). Joilson também é músico e atua como baixista da banda Clube de Patifes e Erasy.
Raína Biriba
Raína Biriba é Produtora, Gestora Cultural e Curadora, com 14 anos de atuação no mercado. É sócia e criativa na Encruzilhada - Hub de Cultura e Arte; e diretora executiva da Afrontart - Quilombo Digital de Artes. Atualmente é Gerente Artística e uma das curadoras do Festival AFROPUNK BAHIA. É diretora estratégica da plataforma Frequências Preciosas, voltada para a difusão e fomento da música feita por mulheres negras e indígenas. Colaborou com nomes como Margareth Menezes, Àttooxxá, Linn da Quebrada, Enio, Timeline, Lia de Itamaracá, Aláfia, dentre outros.