Sergipe - Ecossistema Musical - Cultura - Sobre o Banco
Sergipe
Quando recebemos o convite do BNB para participar do projeto Ecossistema Musical, sabíamos do grande desafio que estaria pela nossa frente. Montar uma retrospectiva da produção musical sergipana dos últimos anos não seria uma tarefa fácil, muito porque a música em Sergipe sempre foi relegada a segundo plano em relação aos outros Estados do Nordeste, mas também por conta da falta de visibilidade que imperava há alguns anos e o escasso acesso da imprensa nacional aos conteúdos produzidos em Terras do Cacique Serigy. Porém, hoje, isso é passado! Artistas como The Baggios, Taco de Golfe, Héloa e muitos outros da nova geração trataram de mudar o rumo da história e colocar a música sergipana no ecossistema musical nacional de forma relevante e definitiva.
Nas décadas de 70, 80 e 90, a música sergipana era muito incipiente e ainda muito pouco difundida, resumindo-se ao consumo local, chegando no máximo até a Bahia, Alagoas e Pernambucano. Não saía do Nordeste, não ecoava da forma devida, faltava um nome que despontasse nacionalmente. Salvo raríssimas exceções, como o Festival de Artes de São Cristóvão - o FASC, que teve enorme importância na cena musical dos anos 70, mas depois foi extinto, voltando apenas em 2017 – e as participações de Clemilda no Chacrinha e Programa do Bolinha ou a ida do cantor Rogério ao programa da Xuxa, nos anos 80. Ou ainda, uma leva de festivais independentes que surgiu no final dos anos 90, capitaneados pelo ROCK-SE e PUNKA, e que foram aos poucos colocando Sergipe no mapa e inspirando os jovens a montar seus projetos, suas bandas... ninguém prestava atenção no que acontecia em Sergipe e a nossa música parecia que nunca iria decolar.
Mas veio a virada de século e as coisas começaram a mudar. Uma nova geração surgiu e com ela a esperança de que, enfim, teríamos voz no ecossistema musical brasileiro. Que seríamos vistos e ouvidos por quem precisava nos ver e ouvir.
Em 2017 (e também em 2019) a The Baggios foi nominada ao Latin Grammys e o foco dos holofotes se voltou mais para Sergipe, além de inspirar uma nova geração de artistas que vinha engatinhando de forma tímida, mas de repente aprendeu a andar, falar, cantar e agir como se fosse um bloco mais ou menos coeso. A coisa andou e não parou mais! A música sergipana ganhou finalmente forma e força, ecoando por diversas partes do Brasil e do mundo.
Em 2023, encontramos a música sergipana achando seu lugar e brilhando como o sol forte e denso de Aracaju, o céu cheio de cores e a natureza gritando por espaço.
Os critérios utilizados nessa montagem e pesquisa foram diversos, mas se balizaram em tentar abranger a diversidade cultural sergipana, destacando sua contemporaneidade e resgatando um pouco de sua herança cultural, principalmente em relação a força do seu folclore. Poucos sabem, mas em Sergipe temos mais de 80 grupos folclóricos distintos em tudo: história, vestes, danças, folguedos. Muitos artistas viajam até Sergipe para beber direto dessa fonte e repaginá-la em seus trabalhos pessoais. Os artistas sergipanos também fazem isso, bebendo da fonte de sua própria herança cultural e expandindo-a ao mundo, e quem ganha somos nós. Viva à música e à cultura sergipana!
Carlo Bruno Montalvão
Elma Santos
Carlos Bruno Montalvão
Elma Santos
Radialista e jornalista de formação, gestora e produtora cultural há cerca de 20 anos atuando na realização de projetos e produções ligadas à música, teatro, cinema. Já produziu alguns artistas de Sergipe (Naurêa, Maria Scombona, The Baggios, Héloa), realizou eventos, Feira de Livros de Sergipe - FLISE - e atuou por mais de 10 anos na produção do festival de cinema Curta-SE. Desde 2017 está Diretora de Arte e Cultura de São Cristóvão onde coordena e é curadora do Festival de Artes de São Cristóvão.