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Voltar IA: O Futuro da Produtividade no Agronegócio

A Inteligência Artificial (IA) desponta como uma das tecnologias mais disruptivas do século XXI, transformando negócios e impulsionando setores que variam desde a saúde até o agronegócio. Mas a pergunta que muitos se fazem é: a IA tem realmente capacidade de transformar negócios? A resposta é clara: a IA não só tem essa capacidade como já está revolucionando a maneira como empresas operam, inovam e se relacionam com o mercado. 

Um dos maiores impactos da IA é o aumento da eficiência e produtividade. No agronegócio, isso se reflete no uso de máquinas inteligentes, drones e sistemas autônomos que permitem uma agricultura de precisão. Essas tecnologias não só reduzem erros e melhoram a qualidade dos produtos, como também aumentam a capacidade de produção em menos tempo. A promessa é uma vida mais automatizada e eficiente, com o potencial de impulsionar o PIB global em até 7% nos próximos 10 anos.

No agronegócio, saímos de uma agricultura de subsistência, com menos de 2% de mecanização, para a Revolução Verde, que trouxe máquinas e defensivos agrícolas. Com o avanço para os anos 2000, a agricultura passou a contar com ferramentas como GPS e sensoriamento remoto. A entrada de gigantes, como a OpenAI, na última década e o desenvolvimento de IA generativa trouxeram novas possibilidades, como robótica e sistemas autônomos, que estão moldando a chamada Agricultura 6.0.

Essa nova fase da agricultura é marcada pela integração de tecnologias, como Internet das Coisas (IoT), nuvem e aplicativos, facilitando a coleta e análise de dados, armazenamento e processamento de grandes volumes de informações. Isso não apenas melhora a experiência do cliente, permitindo uma oferta mais personalizada de produtos, como também atende às exigências de rastreabilidade e sustentabilidade do mercado internacional.

Aqui, a cibersegurança no agronegócio é um ponto essencial. O aumento da digitalização e o uso de IA expõem o setor a ataques cibernéticos, que têm se tornado mais frequentes e complexos. Fazendas e indústrias são alvos em potencial. Assim, a governança e a gestão de riscos precisam estar no centro das discussões sobre a implementação de IA. Medidas de segurança e proteção de dados, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), são fundamentais para garantir a privacidade e a integridade das informações.

Outro desafio importante é o viés algorítmico. A IA, ao ser alimentada por grandes quantidades de dados, pode reproduzir discriminações ou erros sistêmicos, prejudicando não apenas a precisão das decisões, mas também a confiança dos consumidores. Por isso, a transparência e a explicabilidade dos algoritmos são imprescindíveis.

O Brasil não está alheio a essas transformações. O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial 2024-2028, por exemplo, prevê investimentos significativos na IA, com destaque para o agronegócio, que deverá receber R$ 85 milhões para desenvolvimento tecnológico.

Segundo o Sebrae, o uso da IA no agronegócio pode crescer 25,5% entre 2020 e 2026, e as aplicações são vastas: desde o uso de sensores e imagens aéreas para monitoramento de culturas, até a otimização de rotas e a gestão de resíduos.

A IA generativa, uma das inovações mais recentes, tem o poder de multiplicar a produtividade em até cinco vezes, segundo estimativas. Essa tecnologia não apenas prevê resultados e otimiza processos, mas também gera novos dados e informações, criando oportunidades antes impensáveis. Um exemplo disso é o investimento global em IA, que saltou de US$ 68 bilhões em 2020 para US$ 142,3 bilhões em 2023, com perspectiva de atingir US$ 200 bilhões até 2025, segundo dados do Goldman Sachs.

Diante de tanto potencial, é essencial que o uso da IA seja feito de maneira ética e responsável. Governança robusta, transparência nas decisões automatizadas e o respeito aos direitos humanos são imperativos. Princípios como os da Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que priorizam o crescimento inclusivo e o bem-estar social, devem guiar a adoção da IA.

O futuro da Agricultura 6.0 será moldado por tecnologias sustentáveis, que otimizam o uso de recursos e reduzem emissões de carbono. O impacto da IA no agronegócio não se restringe à produtividade; ele também exige um compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social.

A transformação digital, liderada pela IA, exige uma abordagem holística, que envolva aspectos éticos, legais e técnicos. O futuro que nos aguarda é de uma agricultura mais eficiente, inteligente e sustentável, mas também mais consciente de seus impactos sociais e ambientais.

Autora: Rodrigo Toler
Fonte: Globo Rural