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Voltar Projeto de fortalecimento do algodão em consórcios agroecológicos é lançado em Alagoas

(Extraído de notícia da Embrapa. A notícia completa pode ser acessada neste link)

O estado de Alagoas já foi grande produtor de algodão até a década de 1980, quando a produção foi praticamente extinta, entre outros fatores, pela praga do bicudo do algodoeiro. Visando revitalizar essa cultura no estado e proporcionar novas alternativas de renda para a agricultura familiar, no final de agosto foi lançado o projeto "Fortalecimento do algodão em consórcios agroecológicos no Semiárido", no município de São José de Tapera, a 240 km da capital Maceió. O projeto é coordenado pela Embrapa Algodão, em parceria com o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste), com o financiamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

O objetivo é ampliar as áreas de cultivo do algodão agroecológico para beneficiar agricultores de todos os estados da região Nordeste, além do Semiárido de Minas Gerais. Estão sendo capacitados agricultores e técnicos por meio da experimentação participativa nas Unidades de Aprendizagem e Pesquisa Participativa (UAPs), visando o compartilhamento de técnicas, tecnologias e procedimentos que proporcionem o aumento da produtividade, rentabilidade e sustentabilidade do algodão agroecológico.

Segundo o pesquisador Frederico Lisita, coordenador do projeto na Embrapa Algodão, em cada estado onde atua, o projeto está articulando uma rede de parcerias com os diversos atores vinculados à cadeia produtiva do algodão no Semiárido, desde governos estaduais, instituições de assistência técnica e extensão rural, instituições de pesquisa, organizações sociais, prefeituras, sindicatos e associações rurais, cooperativas, universidades, escolas técnicas e empresas de moda sustentável para viabilizar desde as capacitações, produção, certificação e comercialização da pluma no comércio justo, com preços acima do algodão convencional.

Em Alagoas, o projeto contará com a parceria da Cooperativa de Produção e Comercialização da Agricultura Familiar (Coopcaf), e a União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária de Alagoas (Unicafes-AL), além da Emater-AL, do Instituto Federal de Santana do Ipanema e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São José de Tapera.

Durante o lançamento, estiveram presentes cerca de 50 participantes interessados no desenvolvimento da cultura na região, entre produtores, técnicos, professores, estudantes e representantes das instituições parceiras.

Na ocasião, foi realizado dia de campo na comunidade Sítio Capim, em São José de Tapera, com as participações do pesquisador da Embrapa Algodão Frederico Lisita e de Felipe Guimarães e Marcelo Dias, da equipe de Transferência de Tecnologia. Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre o manejo da lavoura de algodão, incluindo o manejo agroecológico de pragas, dentre elas, o bicudo do algodoeiro, além dos consórcios com a culturas alimentares. A programação contou ainda com visita ao campo de algodão.

O coordenador do projeto informa que serão implantadas duas UAPs, uma em sistema sequeiro e outra irrigado.

Resgate de cultura agrícola histórica

“Aquela região de Alagoas, onde nós estamos desenvolvendo o projeto, era uma tradicional produtora de algodão, inclusive, na bandeira do município tem um ramo de algodão. Na comunidade onde fizemos o dia de campo, toda a terra dos atuais moradores foi comprada pelos avós com dinheiro do algodão. Esse algodão foi cultivado até 1983, era uma tradição forte na região e muitos cultivam o desejo de voltar a plantar a algodão”, conta Lisita.

“Hoje predomina o cultivo de milho e a pecuária. A ideia é fazer um cultivo consorciado com milho, feijão e palma forrageira, para garantir a segurança alimentar das famílias e de seus rebanhos”, afirma.

Para a presidente da Coopcaf, Verônica Gomes, o projeto é um passo importante para fortalecer a agricultura familiar e reavivar uma cultura histórica na região, por meio da troca de experiências entre instituições que já produzem algodão e da disseminação de conhecimentos sobre o controle de pragas e manejo agroecológico. “Esse projeto representa um marco no fortalecimento da agricultura familiar no Semiárido alagoano, promovendo o desenvolvimento sustentável e a revitalização de uma cultura agrícola histórica para a região”, declara Verônica Gomes.

Autora: Edna Santos
Fonte: Embrapa