No Brasil, conforme dados do Ministério do Trabalho e Receita Federal, em 2023, o segmento de micro e pequenas empresas (MPE) representa 90% das empresas do país, 30% do Produto Interno Bruto (PIB), em torno de 65% dos empregos com carteira assinada, representando 22,6 milhões de pequenos negócios, gerando 7 de cada 10 empregos no país.

Sem dúvida, são números importantes para a economia nacional e o setor vem cada vez mais ganhando mecanismos para se desenvolver.

Recentemente, o Governo Federal criou iniciativas visando o crescimento dos pequenos negócios.

Em âmbito nacional, em abril de 2024, foi instituído o Programa Acredita, que possibilita crédito a taxas de juros diferenciadas, bem como, o instrumento de renegociação de dívidas por meio do Desenrola, voltado aos MEIs, Microempresas e Empresas de Pequeno Porte.

Por meio desse Programa, cria-se a expectativa de direcionar mais de R$ 30 bilhões em crédito nos próximos três anos, segundo informações do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE.

No âmbito internacional, em junho do mesmo ano, os governos de Brasil e China assinaram um memorando de entendimento voltado aos pequenos negócios. Trata-se de parceria que prevê o fortalecimento do segmento das micro e pequenas empresas (MPEs).

Vale destacar as oportunidades previstas com o memorando de entendimento entre Brasil e China. Segundo o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, vários pontos podem colaborar para a ampliação da rede de negócios, dentre eles:

• Diálogo Permanente: Estabelecimento de um canal contínuo para troca de informações e boas práticas sobre políticas públicas relacionadas às MPEs, com foco em inovação, financiamento, transformação digital e desenvolvimento sustentável.

• Economia Digital: Colaboração para aumentar a participação das MPEs na economia digital, facilitando o acesso às plataformas nacionais de comércio eletrônico.

• Acesso ao Financiamento: Intercâmbio de informações sobre programas e iniciativas que facilitem o acesso das MPEs ao financiamento necessário para seu crescimento.

• Desenvolvimento de Clusters: Apoio ao desenvolvimento e cooperação entre clusters de MPEs de ambos os países. Por cluster, pode-se entender que é o agrupamento de diferentes negócios, que se conectam por suas relações empresariais. Portanto, eles envolvem organizações que colaboram entre si para alcançar seus objetivos.

• Capacitação: Fomento ao intercâmbio e à cooperação para capacitação entre instituições que prestam serviços às MPEs.

• Participação em Exposições e Feiras: Incentivo à participação ativa das MPEs em eventos comerciais organizados por ambos os países, promovendo o intercâmbio e a cooperação comercial.

• Tecnologias Especializadas: Promoção do desenvolvimento de MPEs que utilizam tecnologias avançadas para produzir produtos inovadores.

Diante dessa perspectiva, a China, como principal exportadora do mundo, tem mercado consumidor amplo e pode beneficiar muito o Brasil.

Dentre os vários caminhos possíveis, as micro e pequenas empresas podem buscar linhas de crédito competitivas, se organizar por meio de cooperativas para comercializar maior quantidade de produtos a um menor custo, startups podem obter novas tecnologias, surgem caminhos amplos para a importação e exportação, além de trocas de informações mediante workshops, visitas técnicas, feiras, exposições. Enfim, abrem-se portas para inúmeras possibilidades de novos negócios.

Nesse contexto, é importante lembrar que nem tudo é tão simples. As dificuldades existem, como: a logística para o comércio entre os países, o idioma chinês (mandarim) e etapas no processo de comercialização para aquela nação, que devem ser familiares aos pequenos negócios que desejam atingir um mercado tão distante.

Para entrar nesse mercado, é importante driblar essas dificuldades. Sua empresa deve estar atenta e pode se preparar, mediante a obtenção de orientações, treinamentos técnicos e parcerias, junto a (s): Federações de Comércio (Fecomercio estaduais), unidades do Sebrae, Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDLs), Associações Comerciais, Câmaras de Comércio, empresas em geral, entre outros.

Se não realiza atividades de exportação ou importação, já pensou em ampliar o escopo de seu negócio? Já pensou como poderia atingir novos clientes com a troca de conhecimentos, fruto de tal parceria? Esse momento pode propiciar oportunidades interessantes e permitir a entrada em outro patamar de negócios, sua empresa está percebendo isso?

Riccardo Sales

Gerente de Negócios