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Voltar Os negócios nos tempos de coronavírus

Por: Demóstenes Moreira de Farias*
 
A forma como o coronavírus se alastrou pelo mundo transformou o comportamento e impactou a economia de vários países mundo afora. Inclusive no Brasil, mudou radicalmente o cenário dos negócios. A pandemia surpreendeu os empresários, articulistas e futuristas do mundo inteiro.

A situação está posta e é necessário encarar a realidade. Os reflexos da pandemia nos negócios constituem uma verdadeira prova de fogo para ver até que ponto a empresa é “ágil e antifrágil”. Os empresários de todos os portes anseiam por respostas práticas e alternativas de saída.
Não vamos nos iludir: não vai ser fácil para nenhuma empresa o enfrentamento da crise. Conforme a atividade econômica e o modelo de negócios, algumas empresas sofrerão mais, outras menos. Cumpre-se reconhecer que as receitas vão se reduzir e, em muitos casos, zerar. É honesto dizer, também, que não há receita de bolo. 

De todo modo, este artigo espera trazer alguns insights que sejam úteis para despertar a reflexão e a busca por saídas, lembrando que cada empresa deve construir as suas próprias soluções, que sejam adequadas à sua atividade econômica, ao modelo de negócios, ao estilo de seus líderes e às possibilidades que eventualmente se descortinem. A coragem, a criatividade, a busca pelo equilíbrio, o discernimento e o bom senso dos empresários estarão entre os primeiros requisitos para encontrar soluções para o enfrentamento da situação. Será inevitável pensar nos problemas, mas será imperativo focar nas soluções. Vale lembrar que a criatividade emerge nos momentos de maior necessidade, pois a crise é um poderoso motivador e nos impele a fazer escolhas que não faríamos em outras circunstâncias. O brasileiro é referência de resiliência, criatividade e gana de vencer as dificuldades.

O que há a fazer é buscar e hierarquizar estratégias factíveis – em maior ou menor grau – e acreditar que nossas empresas vão sobreviver, superar esta crise e aprender lições de superação, as quais serão muito valiosas para os passos seguintes. 
Há consenso entre os consultores quanto aos conselhos que se seguem:

  • Não fique paralisado. Reúna os líderes e gerentes da empresa e forme um comitê de crise. Lance mão da experiência, do repertório, da intuição empresarial, do conhecimento, da resiliência e abuse da criatividade para buscar alternativas de soluções. 
  • Estabeleça três cenários: o pessimista, o moderado e o otimista. Defina que ações serão tomadas, quando e como serão avaliadas, defina métricas e anteveja as possíveis correções de rumo, que certamente virão.
  • Foque no core business, o qual já está validado e apresenta os principais resultados. Identifique que produtos ou serviços apresentam maior relevância e aceitação, que são mais rentáveis. Foque neles e corte gastos com outros produtos que não apresentem margem positiva.
  • Valorize seu pessoal; ao invés de promover demissões, tente a opção das férias e até o financiamento dos salários;
  • Faça parcerias: conecte ideias que antes pareciam não fazer sentido, ligue os pontinhos; una-se a empresas de outro ramo ou até do mesmo; não se surpreenda em saber que empresas de sucesso aliam-se até a concorrentes. Enfim, o céu é o limite para as soluções.
  • Racionalize seus gastos: identifique o que é essencial para a cadeia de valor do negócio. Verifique se há despesas que não sejam essenciais ou que possam ser adiadas por alguns meses. Na medida do possível, tente compatibilizar as datas dos pagamentos a fornecedores com as dos recebíveis. A prioridade deve ser preservar caixa. Reduza seu próprio salário para dar o exemplo de impacto à sua equipe. Não fique acanhado ao renegociar os compromissos com seus fornecedores, locadores de imóveis, e credores – os bancos. O Banco do Nordeste, em particular, disponibilizou a repactuação via internet, para mitigar as dificuldades das MPE, nesse momento difícil. (saiba mais).

Vão enfrentar melhor a crise aquelas empresas que já trabalham com estrutura adequada de e-commerce e de entrega de suas mercadorias em domicilio. Se o seu negócio ainda não está na internet e nas redes sociais, urge providenciar as condições para tal: procure estabelecer parcerias com empresas que já vêm trabalhando bem com e-commerce e com o delivery. Será necessário equacionar fatores como logística, abastecimento, comunicação, crédito e pagamentos. E caso a sua empresa seja bem pequena, vale até mesmo vender pelo telefone ou WhatsApp ou utilizar o seu próprio veículo para entregar pessoalmente. Só não vale ficar parado.
 
*Professor de Vendas, Marketing Estratégico e Estratégia Empresarial. Mestre em Avaliação de Políticas Públicas, MBA em Marketing. Graduado em Administração.